
Um mapa lançado pela rede Xingu +, que reúne 32 organizações indígenas, ribeirinhas e indigenistas da região, apontou que nos quatro anos da gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro as taxas de desmatamento em toda a bacia do Xingu aumentaram significativamente. Houve um avanço inédito e expressivo sobre as áreas protegidas, onde a derrubada de floresta aumentou 108%.
Segundo o documento, intitulado ‘Xingu sob pressão’, o total desmatado nos primeiros sete meses de 2022 foi maior que o mesmo período de todos os outros anos de monitoramento, de 2018 a 2021. O último ano do governo Bolsonaro revelou altas taxas de desmatamento: 34% a mais em comparação a gestão anterior.
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Aumento do garimpo
A ameaça do garimpo ilegal também aumentou de forma desenfreada entre entre 2018 e 2021. O documento aponta que entre o período mencionado foram abertos seis novos focos de garimpos em cinco Unidades de Conservação e dez novos focos em três terras indígenas, além da reativação e expansão de 11 garimpos antigos. O aumento do garimpo em terras indígenas foi de 21%, entre elas a Kayapó foi a que mais sofreu as consequências na Amazônia.
Segundo a rede Xingu+, o mapa e o documento foram apresentados aos principais órgãos federais. Uma comitiva de lideranças de diferentes regiões do Pará e Mato Grosso, como Mydjere Mekrãgnotire, Ianukula Kaiabi, Doto Takak-Ire, Ewésh Yawalapiti Waurá e Giliarde Juruna, se reuniu com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e o novo Ministério dos Povos Indígenas (MPI).
Desmatamento desenfreado
Ao o que o corredor de áreas protegidas da bacia do Xingu comporta uma vasta diversidade socioambiental entre o cerrado e a floresta amazônica, também é atualmente o epicentro do pior cenário de desmatamento e degradação ambiental da região.
As quatro terras indígenas mais desmatadas da Amazônia Legal estão na bacia do Xingu. Juntas, elas representam quase metade (46%) do desmatamento de todas as terras da Amazônia legal em 2021. Dentre elas, destaca-se a Trincheira Bacajá onde ocorreu a intensificação do desmatamento em seu território a partir de 2018. O desmatamento ou de 240 hectares em 2017 para 3.569 hectares em 2021, um aumento de 1.387%. O aumento alarmante foi atribuído às invasões e grilagem de terras, que colocam em risco a vida do povo Xikrin.
Dentre as diversas frentes de invasões que avançam pelas áreas protegidas do Xingu, a que representa atualmente a maior ameaça à integridade do corredor está na região de quatro Unidades de Conservação: a Floresta Nacional (FLONA) de Altamira, Estação Ecológica (ESEC) da Terra do Meio, Floresta Estadual (FES) do Iriri e a Área de Proteção Ambiental (APA) Triunfo do Xingu.
É também na região do Xingu que fica localizada a usina de Belo Monte. A renovação da licença da hidrelétrica ficará sob responsabilidade do atual governo. Em entrevista ao portal Sumaúma o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, afirmou que a decisão sobre a renovação ou não da licença não será tomada nem em curto nem sequer em médio prazo. “Enquanto não for definido um hidrograma razoável, enquanto não for concluída a análise do cumprimento das condicionantes até aqui, nenhuma licença será emitida”.
*Estagiária sob supervisão de Andreia Castro
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