RIO DE JANEIRO

Crânios no chão: comissão flagra abandono em memorial dos mortos da ditadura

Falta de preservação dificulta o processo de obter material genético para identificar pessoas que desapareceram durante a ditadura militar

O memorial, que fica localizado no Rio de Janeiro, tem três prateleiras de cada lado que armazenavam as ossadas -  (crédito: Divulgação/Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos)
O memorial, que fica localizado no Rio de Janeiro, tem três prateleiras de cada lado que armazenavam as ossadas - (crédito: Divulgação/Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos)

A Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos encontrou as ossadas que ficam no memorial em homenagem aos mortos pela ditadura militar, no Cemitério de Ricardo de Albuquerque, em situação de deterioração.

O memorial, que fica localizado no Rio de Janeiro, tem três prateleiras de cada lado que armazenavam as ossadas. O material era organizado por tipo de osso: uma para crânios, uma para membros inferiores e outra para membros superiores.

No entanto, ao chegar no local, peritos encontraram ossos no chão. “Assim que a porta foi aberta, nos deparamos com vários fragmentos de ossos remanescentes no chão. Principalmente ossos de crânio fragmentados. E muita umidade no ambiente. Na segunda metade da sala, havia aproximadamente 20 sacos plásticos pretos com ossos. Dois deles parcialmente abertos. Frágeis, próximos de rasgar”, explicou o perito Samuel Ferreira à Agência Brasil.

Além disso, também tinha gotejamento nas paredes e no teto. Em audiência pública realizada na quinta-feira (22/5), a Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos sugeriu melhorias para aumentar a ventilação e vedar fendas que permitem entrada de água no ossário.

A situação de deterioração encontrada pela equipe pode dificultar o processo de obter material genético para identificar pessoas que desapareceram durante a ditadura militar no Brasil, que ocorreu de 1964 a 1985.

Na quarta-feira (21/5), peritos foram ao cemitério Ricardo de Albuquerque para levantar informações sobre possíveis locais de inumação (sepultamento), ocultação ou destruição de remanescentes ósseos de mortos e desaparecidos políticos. A ação teve o objetivo de fazer um diagnóstico inicial na tentativa de identificação de pelo menos 15 desaparecidos políticos que foram inumados no local.

O Correio tentou contato com o Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania para obter mais informações e aguarda retorno.

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postado em 23/05/2025 10:05 / atualizado em 23/05/2025 10:43
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