Francisco, o primeiro papa latino-americano e jesuíta, deixou um legado significativo na Igreja Católica. Nascido em Buenos Aires em 1936, Jorge Mario Bergoglio assumiu o papado em 2013, após a renúncia de Bento XVI. Sua eleição marcou um ponto de inflexão na história da Igreja, não apenas por suas origens, mas também por sua abordagem inovadora e reformista.
Durante quase 12 anos de papado, Francisco enfrentou desafios internos e externos, desde escândalos de abuso infantil até questões contemporâneas como os direitos de todos. Sua liderança foi caracterizada por um compromisso com a reforma e a inclusão, refletindo seu desejo de uma Igreja mais aberta e comiva.
Na manhã desta segunda-feira, 21, o Vaticano anunciou a morte do Papa Francisco, aos 88 anos. A notícia veio após um longo período de problemas de saúde, e logo após uma das datas mais celebradas pela Igreja Católica, a Páscoa.
Quem é Jorge Mario Bergoglio?
Nascido em Buenos Aires, Argentina, em 17 de dezembro de 1936, Jorge Mario Bergoglio é filho de imigrantes italianos. Antes de ingressar no sacerdócio, trabalhou como técnico químico. Sua vocação religiosa o levou a se juntar à Companhia de Jesus, onde se formou em filosofia e teologia. Foi ordenado sacerdote em 1969 e, ao longo dos anos, desempenhou papéis importantes dentro da Igreja, incluindo o de provincial dos jesuítas na Argentina.
Em 1992, foi nomeado bispo auxiliar de Buenos Aires por João Paulo II e, em 1998, tornou-se arcebispo da cidade. Sua trajetória como líder religioso foi marcada por um forte compromisso com a justiça social e a defesa dos pobres, características que continuaram a definir seu papado.

Quais foram os principais desafios de saúde enfrentados pelo Papa Francisco?
Nos últimos anos, o Papa Francisco lidou com uma série de problemas de saúde que afetaram sua capacidade de liderar a Igreja. Em fevereiro de 2025, ele foi hospitalizado devido a uma bronquite, que evoluiu para uma infecção polimicrobiana e, posteriormente, para pneumonia nos dois pulmões. Essa condição causou inflamação e cicatrização dos órgãos, dificultando sua respiração.
Durante sua internação, o pontífice enfrentou uma crise respiratória prolongada e precisou de transfusões de sangue devido a uma baixa contagem de plaquetas. Além disso, ele apresentou insuficiência renal inicial leve, o que complicou ainda mais seu quadro clínico. Apesar das dificuldades, Francisco manteve-se resiliente, gravando mensagens de agradecimento aos fiéis que oravam por sua recuperação.
Relembre a eleição de Papa Francisco em 2013
Em março de 2013, o mundo católico testemunhou um dos eventos mais significativos da Igreja: a eleição de um novo Papa. O cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio, até então arcebispo de Buenos Aires, foi escolhido como o 266º Papa da Igreja Católica, adotando o nome de Francisco. Sua eleição marcou a primeira vez que um pontífice jesuíta e latino-americano assumiu o trono de São Pedro.
O conclave que elegeu o Papa Francisco começou em 12 de março de 2013, na Capela Sistina, em meio a grandes expectativas e especulações. No entanto, Bergoglio não estava entre os favoritos da imprensa, o que tornou sua escolha uma surpresa para muitos. A decisão final veio no dia seguinte, após o quinto escrutínio, quando a fumaça branca anunciou ao mundo que um novo Papa havia sido eleito.
Quais foram os principais desafios enfrentados por Francisco?
Francisco assumiu o papado em um momento de crise para a Igreja Católica. Escândalos de abuso sexual e uma crescente desconexão com os fiéis exigiam uma resposta urgente. Além disso, questões sociais contemporâneas, como o papel das mulheres na Igreja e os direitos das minorias sexuais, colocaram à prova sua capacidade de liderança e inovação.
O papa também se destacou por suas críticas a líderes mundiais e sua defesa dos pobres. Em um mundo marcado por desigualdades, Francisco escolheu o nome de São Francisco de Assis, refletindo seu compromisso com a justiça social e a misericórdia. Ele buscou reformas econômicas dentro do Vaticano e defendeu a necessidade de uma Igreja que acolhesse todos, independentemente de sua situação.
Como Francisco abordou as reformas dentro da Igreja?
Francisco iniciou reformas significativas na Cúria Romana, o governo central da Igreja, focando na transparência financeira e na eficiência istrativa. Ele também promoveu a inclusão de mulheres em posições de destaque no Vaticano, embora não tenha avançado na ordenação feminina, uma questão que continua a gerar debate.
O papa foi um defensor da misericórdia e da inclusão, enfatizando que a Igreja deve ser um “hospital de campanha” para todos os fiéis. Sua abordagem pastoral procurou acolher aqueles em situações irregulares, promovendo uma visão mais comiva e menos dogmática da fé católica.
Qual foi o impacto de Francisco no cenário político e social?
Francisco não hesitou em usar sua plataforma para abordar questões políticas e sociais. Ele criticou abertamente líderes envolvidos em conflitos e destacou a crise dos refugiados como uma falha moral da comunidade internacional. Sua postura em relação à pobreza e à desigualdade econômica foi um tema constante em seus discursos e ações.
Durante a pandemia de Covid-19, Francisco ofereceu uma imagem poderosa ao rezar sozinho na Praça de São Pedro, simbolizando a solidão e a esperança em tempos de crise. Sua mensagem de solidariedade e compaixão ressoou em todo o mundo, reafirmando seu papel como líder espiritual em tempos de incerteza.
O que o futuro reserva para a Igreja após Francisco?
Com a morte de Francisco, a Igreja Católica enfrenta a tarefa de eleger um novo papa que possa continuar seu legado de reforma e inclusão. A escolha do próximo líder será crucial para determinar a direção futura da Igreja, especialmente em um mundo em rápida mudança.
Francisco deixou uma marca indelével na Igreja, promovendo uma visão de fé centrada na misericórdia e na justiça social. Seu papado foi um testemunho de sua crença em uma Igreja que acolhe todos os fiéis, independentemente de suas circunstâncias. O futuro da Igreja dependerá de como seu sucessor continuará a navegar esses desafios complexos.