
A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) informou que resgatou 61 cães vítimas de maus-tratos, nesta quinta-feira (9/4), no Setor Habitacional Tororó, por meio da Divisão de Resgate e Conservação Animal (DRCA). Segundo a polícia, os animais estavam confinados em condições insalubres em uma instituição privada, onde "faltavam água e comida e os animais viviam enclausurados em meio a fezes e urina".
Em nota, a instituição afirmou que "as imagens e informações divulgadas são inverídicas e manipuladas, distorcendo a realidade do trabalho realizado no local". Anunciou ainda que tomará medidas legais para comprovar a inexistência de maus-tratos e contestar os métodos da DRCA.
A Divisão abriu investigação contra o responsável pelo abrigo, acusado de manter os cães em condições degradantes. O caso veio à tona após denúncia feita por meio de redes sociais, com vídeos e fotos que mostravam os animais em situação de abandono e maus-tratos.
As imagens, enviadas por uma tutora de um dos cães, revelavam um ambiente insalubre, com fezes acumuladas, falta de ventilação e iluminação, além de animais confinados em espaços minúsculos e sem o a água ou comida.
Durante a Operação OZ, a polícia alega ter confirmado as denúncias ao encontrar os cães em estado crítico na propriedade, que tinha três edificações e uma área verde. "O investigado abandonou o local após a ação policial, deixando todos os animais sem qualquer cuidado", afirmou a PCDF em nota.
De acordo com a polícia, os agentes encontraram sacos de ração trancados em um cômodo, enquanto os potes dos animais estavam vazios. A investigação alega ainda que o responsável pelo abrigo cobrava R$ 400 por cão deixado no local e pedia doações via PIX em seu perfil no Instagram, "mas não usava o dinheiro para cuidar dos animais, que estavam doentes, feridos e desnutridos".
"O caso reúne vídeos, fotos, depoimentos e laudos técnicos que comprovam os maus-tratos. O suspeito responderá por crimes previstos no artigo 32 da Lei de Crimes Ambientais (9.605/98), além de infração à Lei Distrital 4.060/2007, que proíbe privação de alimento, abrigo inadequado e confinamento cruel", informou a DRCA.
Resposta
Em nota, o abrigo afirmou que é uma organização independente que acolhe animais abandonados e vítimas de maus-tratos e negou as acusações feitas pela DRCA. Disse que "as imagens e informações divulgadas são inverídicas e manipuladas, distorcendo a realidade de seu trabalho".
Entre as alegações contestadas, está a de que o abrigo cobraria R$ 400 por hospedagem dos animais. "Nunca cobramos pelos acolhimentos, já que todos os animais são resgatados de situações de risco ou recebidos por meio de pedidos de ajuda. Nossa única fonte de recursos são doações. Exigimos que essa falsa acusação seja retratada ou comprovada", declarou a instiutuição.
Sobre a alimentação dos animais, o abrigo explicou que todos recebem comida diariamente e que as imagens divulgadas omitiram intencionalmente o estoque de 30 pacotes de ração disponíveis no local. Quanto à limpeza, a instituição itiu dificuldades devido à falta de voluntários e recursos, mas garantiu que a higienização é feita duas vezes por semana. As fotos que mostravam o local sujo teriam sido tiradas dois dias após a última limpeza.
A instituição também respondeu às críticas sobre o estado de saúde de alguns animais, esclarecendo que são casos em tratamento, incluindo um cão com leishmaniose terminal, doença que impede o ganho de peso. Destacou ainda que as acusações não apresentaram laudos veterinários que comprovem maus-tratos.
"Após uma fiscalização da DRCA, alguns animais teriam ficado expostos ao risco de atropelamento na BR, situação que antes era controlada." Um deles, inclusive, teria sido atropelado. O abrigo anunciou que tomará providências judiciais para comprovar a legalidade de suas atividades e contestar as denúncias.