Entrevista | Melillo Dinis | professor e analista político da CNBB

"Creio que em 13 de maio teremos papa", diz analista político da CNBB

Ao CB Poder, representante do Grupo de Análise de Conjuntura Social da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil trouxe informações sobre as expectativas no processo de escolha do novo sumo pontífice, que terá início em 7 de maio

 28/04/2025. Ed Alves CB/DA Press. Cidades. CB Poder recebe Melillo Dinis, Professor e Analista Politico do Grupo de Analise da CNBB.  -  (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)
28/04/2025. Ed Alves CB/DA Press. Cidades. CB Poder recebe Melillo Dinis, Professor e Analista Politico do Grupo de Analise da CNBB. - (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)

Os próximos os do processo de escolha do novo papa foram tema da entrevista de ontem do CB Poder, parceria entre o Correio Braziliense e a TV Brasília. Às jornalistas Denise Rothenburg e Sibele Negromonte, o professor e analista político Melillo Dinis, do Grupo de Análise de Conjuntura Social da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), explicou o conclave e falo das expectativas para o início da reunião de tradição milenar. 

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O que a gente pode esperar do perfil do novo papa que será escolhido no conclave? Como estão os bastidores em Roma?

Tenho a oportunidade de fazer parte desse grupo de análise e conjuntura da CNBB. É um grupo de trabalho de 15 pessoas, não é a opinião oficial da CNBB. Como a gente comenta o ditado romano: "Quem entra no conclave papa, sai cardeal". Então, é muito difícil estabelecer um nome que não seja a partir da descrição dos perfis. E quais são os perfis? Alguém que mantenha a dimensão horizontal que o papa Francisco fez tão bem. O diálogo religioso e inter-religioso com as periferias, com os vulneráveis. Isso é um legado fantástico do papa Francisco e dificilmente mudará. Depois uma dimensão vertical, que os cardeais procuram para alguém que consiga tocar a barca de Pedro. E a terceira dimensão é transversal, que é como isso funcionará em um mundo em constante mudança, com incerteza e, ao mesmo tempo, o compromisso com o evangelho. É isso que está sendo gestado nesse congresso.

Quando Francisco tornou-se papa, no último conclave, ninguém cogitava o nome dele. Hoje já se faz uma bolsa de apostas de quem será o papa. É algo realmente imprevisível ou a gente pode dizer que existem nomes que vão seguir esses três pilares que o senhor mencionou?

Eu creio que todos os cardeais, principalmente aqueles mais modernos, que vieram de uma criação com o Bergoglio, com o papa Francisco, são cardeais que trazem consigo essas três características. O que muda é o jeito de cada um ser. Quando o cardeal Bergoglio, de Buenos Aires, foi anunciado papa Francisco, foi uma surpresa em todo o mundo, ninguém imaginava que seria. Foi ainda uma surpresa também a forma como ele conduziu a igreja católica, não só porque foi um chefe de Estado muito importante, mandou emissários para resolver acordos com Cuba e Estados Unidos,  à guerra na Ucrânia, à guerra na faixa de Gaza. Ele fez um trabalho muito grande como chefe de Estado, mas também como homem de igreja, que trouxe de volta um grande número de pessoas que estavam afastadas.

Confira a entrevista completa

Houve uma ampliação do colegiado de cardeais aptos a votar. Isso significa que o conclave pode demorar mais? No último, em dois ou três dias estava tudo resolvido. Qual é a expectativa agora?

A minha expectativa é de que demore um pouquinho mais. Não será a reprodução daqueles conclaves de meses, da idade média. Teve um conclave, inclusive, que se decidiu tirar o teto da capela sistina para ver se, com o frio, os cardeais aceleravam a velocidade dos debates. Não acho que será assim. Creio que será em torno de cinco dias. Começa em sete de maio e creio que antes da festa de Nossa Senhora de Fátima, em 13 de maio, já teremos um novo papa.

Falamos muito nessa expectativa de perfil do futuro papa. O que podemos esperar em termos de impacto dessa mudança na Igreja aqui no Brasil?

Os brasileiros manterão um status privilegiado em relação à instituição Igreja Católica Apostólica Romana. Só para trazer alguns dados, a CNBB é a maior conferência do mundo. Nós temos quase 500 bispos, dos quais alguns eméritos, mas mais de 300 bispos na ativa, portanto, dirigem dioceses ou são auxiliares. A maior conferência do mundo é a brasileira, e é onde há a maior quantidade de católicos no mundo do ponto de vista quantitativo. Isso tem uma importância muito grande. O papa Francisco e os outros papas sempre foram muito próximos da história da igreja no Brasil. Não só daqui, obviamente Bergoglio, o Papa Francisco, argentino, tinha uma relação muito próxima com as estruturas do Conselho Episcopal Latino-Americano do Celam, que é a estrutura que reúne todos os bispos da América Latina e do Caribe. Dito isso, creio que continuará essa relação, e acho que aumentará a quantidade de cardeais brasileiros na gestão do Vaticano. Já temos um que é o cardeal primaz do Brasil, Dom Sérgio da Costa, que ocupa um cargo no conselho dos nove cardeais que decidem os rumos da igreja, junto com o Papa Francisco. Isso foi uma criação do papa Francisco, que levou Dom Sérgio, que foi cardeal de Brasília antes de ir para Salvador. Creio que essa relação continuará.

 

postado em 29/04/2025 01:00
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