
Sob direção de Tadeu Aguiar, o centenário de um dos maiores conglomerados de comunicação da América Latina vem sendo celebrado nacionalmente por meio do musical Chatô e os Diários Associados — 100 anos de paixão. Em Brasília, o espetáculo que exalta a história do jornalista Assis Chateaubriand e do grupo de comunicação, do qual o Correio Braziliense faz parte, chega na próxima quarta-feira, dia 11, com sessão dupla, às 16h e às 20h, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães.
Autor da biografia Chatô — O rei do Brasil, Fernando Morais, ao lado de Eduardo Bakr, foi o responsável por adaptar o texto da obra de 1994 para o teatro. A partir de um fundo ficcional, que envolve os personagens Fabiano e Juliana, a trama leva os espectadores em uma viagem ao século ado, relembrando as agens mais relevantes da trajetória do jornalista, vivido por Stepan Nercessian.
"A biografia do Assis Chateubriand escrita pelo Fernando Morais, além de indispensável, é deliciosa de ler. Foi fundamental para termos noção do tamanho e da importância de Chatô para nossa cultura e nossa história. Sua personalidade inquieta foi extremamente necessária para a formação do que somos hoje enquanto nação. Não só é um prazer, como também é uma honra poder contar um pouco das grandes realizações dele", comemora Claudio Lins, que dá vida ao jornalista fictício Fabiano.
Ao longo de dois atos, a peça de duas horas e 20 minutos de duração vai além das principais conquistas de Chatô e se aprofunda na estreita ligação do também empresário com a cultura e a arte. A trama aborda a paixão do paraibano pelo jornalismo tradicional, as rádios fundadas por ele, a criação do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp) e a vinda da televisão ao Brasil.
"Nossa preparação envolveu o estudo de todas essas épocas, que vai dos anos 1920 aos anos 1980, nos aprofundando especialmente nas canções marcantes desse período", conta Claudio. Caetano Veloso, Gal Costa e Ivan Lins são alguns dos nomes que fazem parte da trilha sonora da peça. "As faixas tocadas no espetáculo são todas coerentes e pertencentes à era em que são citadas", garante o roteirista Eduardo Bakr. "Assim, o espectador pode entender qual é o tipo de música que se ouvia — se era de protesto, se estava mandando um recado, se era uma briga musical", exemplifica o autor.
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"A história do Chateaubriand se confunde com a história da rádio no Brasil", opina Patrícia França, responsável pelo papel de Juliana. "As canções lindas que estão no espetáculo, e que são conhecidas do grande público, faziam parte da vida dele. Ele ajudou a revelar muitos daqueles artistas ou, ao menos, divulgá-los por meio da TV Tupi", declara a atriz, que descreve sua personagem como "a veia romântica do espetáculo".
"Juliana e Fabiano cumprem esse papel de trazer uma leveza para a peça e até mesmo uma certa ingenuidade que vai de encontro ao lado ácido de Chatô", descreve Patrícia. "Claro que o Stepan, com sua veia cômica indiscutível, acaba por trazer um personagem muito simpático, engraçado e carismático. Mas a gente sabe que ele era um homem muito controverso, e isso os autores dosaram muito bem, retratando um Assis Chateaubriand que é real. Ele era um visionário que não media consequências para fazer aquilo que lhe desse na cabeça. Isso fica muito bem claro no espetáculo, apesar de ser colocado de uma maneira bem humorada e leve", assegura a artista.
Para Eduardo, os papéis de Juliana e Fabiano são responsáveis por mostrar a importância do jornalismo para o país. "Tem uma frase bonita no texto que diz que o jornalista ilumina o fato, o fato ilumina a notícia e a notícia ilumina o homem que transforma o país", cita o autor. "Eles são fundamentais para a gente contar essa história de amor entre eles e uma história de amor pela informação, pela notícia e pelo jornalismo", aponta.
"Na peça, dizemos que o coração do Chatô pulsa fora do peito desde antes dele comprar o primeiro jornal. E é isso que o espetáculo mostra: um jornalista apaixonado pela cultura, pela arte e pela informação", adianta o roteirista.
Chatô e a capital
Após uma temporada bem-sucedida no Rio de Janeiro e uma breve agem por Belo Horizonte, o espetáculo finalmente chega a Brasília, responsável por um capítulo importante na história de Chatô. "Ele foi um grande incentivador da mudança da capital, além de ter televisionado ao vivo a inauguração da cidade. Temos percebido que o público se emociona e se identifica muito com nosso espetáculo, pois percebe no palco sua própria história. Acho que em Brasília não será diferente", avalia Claudio.
"Tenho certeza de que os habitantes da capital federal irão se sentir representados. As pessoas poderão reviver aquelas canções e reviver aquela época. Recordar é viver, e o espetáculo cumpre muito bem esse papel", finaliza Patrícia.
Chatô e os Diários Associados — 100 anos de paixão
Quarta (11/6), no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, com sessões às 16h e às 20h. Ingressos podem ser adquiridos por meio da plataforma Ingresso Digital, a partir de R$ 80 (meia-entrada). Classificação indicativa: 10 anos.