
Um artigo analítico publicado na revista Science Advances, nesta quarta (7/5), revelou dados interessantes sobre a mapeação marítima: 99,999% das profundezas do oceano nunca foram observadas por humanos.
O mar cobre 66% das superfícies da Terra. Mesmo cruciais para diversos processos naturais, essa área é a menos compreendida e explorada do planeta.
A equipe de cientistas analisou as 43.681 expedições submersíveis registradas, conduzidas por 14 países em 120 Zonas Econômicas (ZEEs) e em alto-mar. De acordo com os dados, estima-se que foi capturado entre 2.130 e 3.823 km² de cobertura visual do fundo do mar — o que representa no máximo 0,001% do fundo do oceano total.
Segundo os cientistas, os registros não são representativos, visto que a maioria das expedições ocorreu em ZEEs a 370km dos Estados Unidos, Japão e Nova Zelândia. Esses três países, bem como a França e a Nova Zelândia, são responsáveis por mais de 97% das explorações. “Essa amostra pequena e tendenciosa é problemática ao tentar caracterizar, entender e gerenciar um oceano global”, escreveram os autores no artigo.
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A equipe calculou que a taxa atual de novas observações é de 3 km² por ano, e mapear todo o fundo do mar levaria mais de 100 mil anos. “Estas estimativas ilustram que precisamos de uma mudança fundamental na forma como exploramos e estudamos o oceano profundo global”, acrescentaram.
A partir do estudo do oceano profundo, é possível entender sobre a produção do oxigênio no planeta, bem como sobre o clima. A equipe destaca que o ecossistema do fundo do mar deve ser protegido, mas, para isso acontecer, é preciso entendê-lo primeiro.
“Há uma boa razão para não termos mapeado o fundo do mar: não vale tanto diretamente, mas acho que, em termos de bem comum, vale. Desde ajudar na navegação de navios para que não se deparem com montes submarinos ou bancos de areia que desconhecem, até mapear as áreas de maré e as áreas de correntes oceânicas para auxiliar na modelagem climática, todos esses são bens comuns difíceis de obter financiamento, mas se os tornarmos baratos o suficiente, talvez consigamos torná-los íveis”, declarou o explorador Victor Vescovo ao portal IFLScience.