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Rafa Sieg volta às novelas, protagoniza filme e produz monólogo no teatro

Ator gaúcho, Rafa Sieg está no elenco de Guerreiros do Sol, nova superprodução da Globoplay que estreia em 11 de junho, grava o filme "Estrutura" e produz o espetáculo solo baseado na vida e na obra do conterrâneo Erico Veríssimo

Rafa Sieg, ator -  (crédito: Marcio Farias/Divulgação)
Rafa Sieg, ator - (crédito: Marcio Farias/Divulgação)

O ator gaúcho Rafa Sieg integra o elenco de Guerreiros do Sol, nova superprodução da Globoplay que estreia em 11 de junho. A série, criada por George Moura e Sergio Goldenberg e dirigida por Rogério Gomes, promete uma releitura contemporânea e eletrizante da saga de Lampião e Maria Bonita, com doses intensas de ação, romance e aventura.

Na trama, Sieg dá vida a Tatarana, um jagunço leal e amoroso, que atua ao lado do coronel Elói,  interpretado por José de Abreu. Homem de confiança da fazenda, está sempre às ordens do seu patrão e, ao se apaixonar por Otília (Alice Carvalho), descobre um sentimento nunca revelado e que acaba transformando a vida dele de uma maneira surpreendente, encontrando um novo sentido para a sua existência.

O personagem é definido como um sujeito leal e árido, fruto das muitas lutas pela sobrevivência no sertão e que entra em conflito com sua incapacidade de revelar sentimentos. "Tatarana é um sujeito honesto, fiel e um guerreiro habilidoso dentro da sua própria luta pela sobrevivência nessa vida que todos os personagens habitam. São muitas e muitos os guerreiros debaixo desse sol. É um personagem que busca equilibrar a força necessária para todos os tipos de combate (há muito embate físico, tiroteio...) com um sentimento profundo (por Otília) que ele não sabe exatamente como lidar", revelou o ator de 45 anos.

Com locações no Nordeste brasileiro e uma estética que valoriza o sertão, Guerreiros do Sol busca explorar as nuances humanas dos personagens históricos, fugindo de estereótipos simplistas. A produção vai ao ar completa, após ter sido gravada em 2023 e algumas vezes adiada. "Chegou a hora! É um projeto pulsante, quente e vibrante como foram as gravações. Tenho certeza que essa vida está impressa na tela e o público vai se apaixonar. É um super elenco!", destacou.

A estreia de Guerreiros do Sol marca mais um importante capítulo na carreira do ator, que continua a explorar personagens densos e complexos, com uma atuação marcada pela entrega e sensibilidade. Rafa Sieg, que possui mais de 40 trabalhos no audiovisual e duas décadas de trajetória no teatro, vem de uma sequência de papéis de destaque. Recentemente, foi elogiado pela interpretação de Solano na novela Pantanal (2022), e integrou o elenco das produções Chuteira Preta - Jogos ilegais, no streaming, e Nosso Lar 2: Mensageiros, no cinema. 

Protagonismo

Atualmente, além da série, Rafa se prepara para protagonizar o longa-metragem Estrutura, dirigido por Emiliano Cunha, filmado em Porto Alegre (RS). "Receber um protagonista é a oportunidade de você dividir com o espectador o olhar da câmera. De certa forma, você sabe que o público vai ver o filme de uma perspectiva muito próxima ao olhar do protagonista. Então, desde a leitura do roteiro tudo é mais potente, tudo significa mais", observou.

Rafa, ainda, produz o espetáculo solo Erico, inspirado na autobiografia do conterrâneo Erico Verissimo. "Ele foi o maior escritor gaúcho de todos os tempos. Autor de obras imortais como a trilogia O Tempo e o Vento. Ajudou a contar a história do Rio Grande do Sul por meio de suas obras e colocou o estado em um patamar literário nacional que se mantém até hoje, graças à imortalidade do seu nome", defendeu o ator, reforçando que, em 2025, celebram-se os 120 anos do nascimento do escritor.

Entrevista |Rafa Sieg

Fale um pouco da sua expectativa para a estreia de Guerreiros do Sol

Mais do que expectativa, é uma alegria imensa finalmente entregar para o espectador esse projeto que gravamos em 2023. Chegou a hora! É um projeto pulsante, quente e vibrante como foram as gravações. Tenho certeza que essa vida está impressa na tela e o público vai se apaixonar. É um super elenco!

No caso de uma novela, como você lida com essa expectativa de gravar um projeto e só meses depois, às vezes um ano, ele ir ao ar totalmente fechado?

É claro que quando você está com uma novela no ar e gravando ao mesmo tempo, alguns ajustes na construção narrativa da atuação do seu personagem podem ser mais direcionados, corrigidos e ressignificados ao longo do processo. Ao mesmo tempo que não sabemos exatamente onde o personagem pode parar numa obra aberta. Quando é fechado, como em Guerreiros do Sol, como num filme, você tem a oportunidade de fazer escolhas mais consistentes e desenhar a curva do personagem junto com a direção de uma maneira mais elaborada. Em Guerreiros do Sol muitos personagens têm essa trajetória potente e rica. É belíssimo de ver.

O que mais pode adiantar do personagem?

Tatarana é um sujeito honesto, fiel e um guerreiro habilidoso dentro da sua própria luta pela sobrevivência nessa vida que todos os personagens habitam. São muitas e muitos os guerreiros debaixo desse sol. É um personagem que busca equilibrar a força necessária para todos os tipos de combate (há muito embate físico, tiroteio...) com um sentimento profundo (por Otília) que ele não sabe exatamente como lidar.

Como é protagonizar um longa?

Na verdade, eu já protagonizei outros três longas. Em 25 anos de carreira já trabalhei em muitos projetos fora do eixo RJ/SP. E receber um protagonista é a oportunidade de você dividir com o espectador o olhar da câmera. De certa forma você sabe que o público vai ver o filme de uma perspectiva muito próxima ao olhar do protagonista. Então, desde a leitura do roteiro tudo é mais potente, tudo significa mais. E também tem uma certa "responsabilidade", que já vi em outros colegas de profissão enquanto protagonizavam seus filmes, peças, novelas... e que é bonito de observar, que é a de "colaborar", ao longo desse processo intenso de criação e convivência, para manter o grupo unido, animado, potente. Ajudar a ditar o ritmo da produção. Acertar o 'tom' do filme.

  • Rafa Sieg, ator
    Rafa Sieg, ator Marcio Farias/Divulgação
  • Rafa Sieg, ator
    Rafa Sieg, ator Marcio Farias/Divulgação

Pode contar um pouco sobre a história e o seu personagem em Estrutura?

Em Estrutura, Alexandre, meu personagem, é um professor universitário de arquitetura e urbanismo, que está orientando o projeto de uma jovem aluna de mestrado. A história se a em Porto Alegre (RS). O projeto dela é o de transformar uma antiga fábrica no novo Centro Cultural da comunidade de Nova Capão. As diferentes pressões exercidas sobre o empreendimento, atreladas a uma complexa rede de relações, trarão à tona a real natureza de Alexandre, que enxergou no projeto orientado por ele a oportunidade de construir algo que tenha algum impacto no mundo. Alexandre acaba colocando a sua vaidade, seu ego, na frente de tudo.

Quando e como surgiu o projeto de fazer um monólogo sobre Erico Verissimo?

Sempre que alguém me perguntava de onde eu era, onde eu tinha nascido, dizia: Panambi, no interior do RS. Mas é perto de onde? – perguntam. Perto de Cruz Alta, terra de Erico Verissimo. Meu interlocutor pode não conhecer Panambi, nem Cruz Alta, mas o Erico, sim. Nos últimos anos a inquietação por encontrar algo sobre o qual eu pudesse falar com entusiasmo, afeto e potência artística foram me levando cada vez para mais perto da "minha aldeia". Esse espetáculo está sendo criado a partir das narrativas de Erico em sua autobiografia intitulada "Solo de Clarineta" sob o ponto de vista de alguns aspectos: sua capacidade de observação da vida e da família; a relação com os pais; o artista-escritor-ser social; a redescoberta do RS na criação da trilogia "O tempo e o vento" e a própria finitude.

Quais são as maiores referências que você tem do seu célebre conterrâneo?

Erico Verissimo foi o maior escritor gaúcho de todos os tempos. Autor de obras imortais como a trilogia O Tempo e o Vento. Ele ajudou a contar a história do Rio Grande do Sul por meio de suas obras e colocou o Estado em um patamar literário nacional que se mantém até hoje, graças à imortalidade do seu nome. Em 2025, celebram-se os 120 anos do nascimento do escritor, nascido a 17 de dezembro de 1905. É uma obra marcada também por uma crítica sociopolítica, num tom espirituoso e bem-humorado de suas narrativas. Caminhos cruzados, para mim, é uma obra super contemporânea. A forma como o Erico escreve um livro é como assistimos a um filme ou uma série hoje em dia. Riquíssimo de detalhes e uma capacidade de nos envolver do início ao fim. Uma escrita que conduz perfeitamente o nosso olhar (de uma câmera) dentro da cena. Erico é uma grande potência e um patrimônio cultural imaterial simbólico do nosso país. É um autor da segunda fase do modernismo e está na mesma "prateleira" de nomes como Jorge Amado, José Lins do Rego e muitos outros grandes nomes nacionais. Levar aos palcos um pouco da sua história significa ajudar a preservar a memória e o legado deste grande romancista.

 

postado em 29/05/2025 07:00 / atualizado em 30/05/2025 17:38
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