
A bagagem de seis clássicos contra a Argentina em 95 jogos pela Seleção não pesa. Marquinhos senta-se à mesa da sala de entrevistas da concentração, em Brasília, leve para falar sobre a expectativa para o clássico desta terça-feira, às 21h, no Estádio Monumental de Núñez, em Buenos Aires, pelas Eliminatórias da Copa de 2026. Aos 30 anos, responde a cada pergunta exalando cada momento experimentado no duelo de maior rivalidade entre seleções: 540 minutos e mais os acréscimos de cada peleja. Ele sabe o significado de eliminar a Argentina da Copa América em 2019 na semifinal, em Belo Horizonte, e de perder a decisão do título continental dois anos depois, no Maracanã.
Segundo jogador mais velho da Seleção Brasileira, atrás apenas do lateral-esquerdo Alex Sandro, de 34 anos, o zagueiro e capitão Marquinhos espera um clima de Copa Libertadores da América. Disso ele entende. Fez parte do grupo campeão continental pelo Corinthians em 2012. Daí a expectativa por um ambiente hostil provocado por mais de 80 mil pessoas no principal palco do futebol argentino.
"Pela história nunca foi diferente. Todos os jogos lá sempre tem energia de Libertadores. Já faz um tempo para mim, mas sempre teve essa energia, independentemente do lugar. É sempre gostoso, mesmo que não seja na nossa casa. É ambiente de Libertadores, eu conheço pelo clube e muito pela seleção. Não é nada novo. Apesar de ser um ambiente pesado e hostil, estamos preparados para isso. Temos que estar tranquilos para fazer um grande jogo", afirmou.
O Brasil não vence a Argentina desde a semifinal da Copa América de 2019, em Belo Horizonte, por 2 x 0. O jejum de três partidas incomoda Marquinhos. "A última foi na semifinal da Copa América de 2019, no Brasil. Nunca vamos nos acostumar a não ganhar da Argentina. Queremos sempre. Dessa vez, não será diferente. Chegou a nossa hora de ganhar. Temos que estar no nosso melhor dia. Nunca vai ser um jogo qualquer, um amistoso ou um jogo de Eliminatórias. É um clássico. Do outro lado também não vai ser diferente", projeta o zagueiro.
- Os 6 clássicos do capitão Marquinhos
10/11/2016 - Brasil 3 x 0 Argentina
16/10/2018 - Brasil 1 x 0 Argentina
02/07/2016 - Brasil 2 x 0 Argentina
10/07/2021 - Brasil 0 x 1 Argentina
16/11/2021 - Argentina 0 x 0 Brasil
21/11/2023 - Brasil 0 x 1 Argentina
Resumo: 6 jogos, 3 vitórias, 1 empate, 2 derrotas
Um dos pontos-chave do clássico na leitura de Marquinhos será o meio de campo entrosado da Argentina contra um setor reestruturado por Dorival Júnior depois das perdas do lesionado Gerson e do suspenso Bruno Guimarães. "Essa é uma das forças que eles têm. É tudo uma questão de estratégia a ser trabalhada. O professor analisou bem esse time da Argentina, vai colocar estratégias em prática nos treinamentos e vamos executar da melhor forma no jogo. Não sei ainda, não posso falar o que já sei, eles não vão falar também. Não sabemos ainda. Teremos nossa estratégia, eles terão as deles. Será como uma luta de boxe. Nossas forças contra as deles, uma luta, uma guerra. Vamos tomar nossas medidas para sairmos vencedores. É um ponto forte deles, temos que tomar cuidado. Fisicamente fortes, perde e pressiona muito forte. Temos que evitar erros que cometemos contra a Colômbia, de perdas de bola. Pequenos detalhes fazem a diferença em um jogo assim", adite.
O meio de campo não será o único setor afetado depois da vitória por 2 x 1 contra a Colômbia. A defesa não contará com Gabriel Magalhães. O zagueiro do Arsenal é outro suspenso. "É um desafio. Temos que trabalhar com as cartas que temos na manga. Perdemos alguns jogadores por suspensão e lesão, algumas outras coisas, mas no jogo ado todos que entraram mostraram o real valor. Agregaram muito no fim do segundo tempo, trazendo algo a mais. Oportunidades acontecem assim, aconteceu comigo e eu pude aproveitar. É aproveitar da melhor forma", testemunhou o zagueiro.
Um dos desafios, é coordenar o entra e sai de jogadores provocado pelo excesso de cortes causados por contusões e cartões amarelos. "O momento é de mudança, muita coisa mudando. Jogadores novos, com pouca rodagem. Muitos novos jogadores vindo também. Isso dá experiência, são oportunidades de ouro. Estamos bem tranquilos. Todos estão aqui por merecerem, têm rodagem nos clubes. Podem ser jovens, não vieram muito, mas têm rodagem em clube, sabem como é sabem como é o futebol sul-americano. amos tranquilidade para que eles estejam na melhor forma", compartilha o beque.
Marquinhos terá mais uma vez a responsabilidade de vestir a faixa de capitão. Agora, em um clássico contra a Argentina, na casa deles. "A diferença maior é levar a braçadeira. Dentro de um time, no clube e na Seleção, existem lideranças sem braçadeira. Muda pouca coisa, usando a braçadeira ou não vou sempre entregar o melhor, falando, motivando, ando uma palavra. Muda mesmo é ir ali tirar o cara ou coroa, falar mais no vestiário, mas estamos sempre ativos. Existem lideranças sem braçadeira, mas que são fortes em um grupo. Liderança defensiva, liderança ofensiva, liderança de talento. São muitas lideranças em um grupo. Usar braçadeira é simples detalhe de cara ou coroa", minimiza.
Mais Marquinhos na coletiva em Brasília
» Argentina x Brasil
"Argentina x Brasil é sempre um clássico à parte, muita história envolvida, muitos confrontos. Todos que eu joguei não foram diferentes disso, aguerrido, de contato, de duelo. As equipes se matam a cada bola dentro de campo. Esse jogo de terça não vai ser diferente. Duas equipes que vivem momentos diferentes, uma Argentina recém-campeã do mundo, com mais estabilidade no trabalho, a gente vindo de mudanças, se encaixando, se entendendo no estilo de jogo. Crescendo a cada partida, a cada oportunidade de estar aqui. Independentemente do momento das seleções, vai ser sempre um jogo difícil, jogo muito bom. Quem sonha em estar na seleção gosta desse tipo de jogo. Motivação é fácil para todos que estamos aqui em um jogo como esse".
» Inteligência emocional
"Esse também é um lado importante a se levar para o jogo. Por experiência falando, eles tentam desestabilizar no jogo emocional, contato físico. Conhecemos o estilo deles. Os juízes estão rapidamente nos dando cartões por pouca coisa, foi assim contra a Colômbia, eles não tomaram amarelo em sucessão de faltas e nós tomamos na primeira. Contra a Argentina teve contato, coisa muito pior e não houve amarelo também. Temos que tomar cuidado, são dois pesos e duas medidas. Sabemos muito bem como são Eliminatórias, essas competições. Nosso forte é jogar bola, vamos lutar, a cada bola como se fosse a última. Temos que explorar cada vez mais nosso ponto forte, não deixar que nos desestabilizem, juiz pendendo para um lado. Vamos falar e focar nisso para conseguirmos o resultado da nossa maneira".
» Menino Wesley
"Wesley entrou muito bem, trouxe aquele algo a mais que precisávamos, assim como Savinho, Cunha, todos que entraram. Isso faz diferença. Fico feliz por um menino começar com tanta personalidade, energia, velocidade, trazendo tudo que pode trazer. Que tenha sabedoria, tranquilidade. Na nossa carreira vivemos de altos e baixos, muitas emoções rápidas. Que seja muito feliz, que tenha tranquilidade. Falei para ele jogar tranquilo, como se estivesse no Flamengo. Não sentiu a camisa da seleção, que continue assim porque temos a ganhar. Que ele esteja bem, assim só temos a ganhar".
» Motivação da vitória no DF
"Em outros momentos, a bola (do Vinicius Junior) bateria na trave e sairia. Com trabalho, com honestidade, fazendo as coisas bem feitas, tendo mais chances, mais posse, jogando mais no campo que o adversário… A Colômbia teve chances, mas o Brasil teve mais: 14 finalizações, com sete ou oito no gol. Vemos evolução em relação à Copa América (de 2024), com muito menos chances. Futebol é isso, falam que o Brasil está devendo, que está abaixo, mas vemos evoluções, vemos coisas boas e os números mostram: posse, finalizações e o aspecto de goals que muitos falam. Os números mostram que o chute do Vini bateu não bateu na trave e entrou à toa, não foi mera coincidência. Esse gol, essa virada de chave, mostram evolução, confiança, as certezas boas e ruins que temos. Saber o que pode melhorar também é importante. Esse momento mostra isso. Temos nos conhecido mais, Dorival sabe melhor quem tem nas mãos, entende as peças. As mudanças dele trouxeram algo a mais. É tudo uma fórmula, um acúmulo de coisas que vêm melhorando e que deu certo no chute do Vini ali".
» Fase do Raphinha
"Raphinha é um fenômeno. Do jogador vocês veem o potencial, tudo que pode fazer, e a gente já via internamente na Seleção. Víamos o quanto é importante, o esforço, mentalidade, liderança. Eu vinha falando na resposta anterior das lideranças não vistas. Hoje, enxergam a liderança do Raphinha, mas a gente já enxergava lá atrás, ele recém-chegado tinha liderança física, defensiva para o ataque, no ataque também. Sempre chamou responsabilidade em campo, no vestiário, sempre falando, sempre nas reuniões. É um grande amigo que tenho, como jogador não preciso falar. Ele luta pela Bola de Ouro. Se continuar assim, vai ser um dos grandes candidatos. Como pessoa é excelente, dia a dia maravilhoso, muito inteligente, sempre com palavras oportunas. Ele transmite isso, foi num gesto como o Vini que mostra como é líder, um dos capitães também. O quanto é importante. Um grupo é feito disso, não pensar apenas em si mesmo. Ele pensou no grupo, estava do outro lado e correu cheio de cãibra para levar o Vini, que caiu na real e saiu por ali. Cunha foi junto também. São jogadores assim que formam um grupo, que fazem um grupo forte".
» Saída de bola
"Foi uma estratégia que trouxemos para o jogo. Sempre temos um lateral que fica mais, mas com análise do adversário, nossa estratégia era explorar lado do campo. Explorar as costas dos atacantes, eles pressionam mais a saída e tiram e do lateral. Queríamos explorar as costas dos laterais, fazendo que o meio pressionasse nos laterais, balançando o time para pegar o outro lado sozinho. Foi uma estratégia que deu muito certo, depois eles subiram o James e encaixaram. Ainda existia espaço vendo nos vídeos, faltou mais conjunto para sair da pressão. São momentos, estratégias, podemos melhorar para os próximos jogos, entender melhor nossa estratégia e saber adaptar se corrigirem para sair da dificuldade. Faltou no fim do primeiro tempo para não tomar gol em momento de dificuldade. A gente sempre vinha com formação de saída de três, mas mudamos para esse jogo, fazendo o volante deles sair mais para defender as costas dos atacantes, abrindo meio ou lado oposto".