/* 1rem = 16px, 0.625rem = 10px, 0.5rem = 8px, 0.25rem = 4px, 0.125rem = 2px, 0.0625rem = 1px */ :root { --cor: #073267; --fonte: "Roboto", sans-serif; --menu: 12rem; /* Tamanho Menu */ } @media screen and (min-width: 600px){ .site{ width: 50%; margin-left: 25%; } .logo{ width: 50%; } .hamburger{ display: none; } } @media screen and (max-width: 600px){ .logo{ width: 100%; } } p { text-align: justify; } .logo { display: flex; position: absolute; /* Tem logo que fica melhor sem position absolute*/ align-items: center; justify-content: center; } .hamburger { font-size: 1.5rem; padding-left: 0.5rem; z-index: 2; } .sidebar { padding: 10px; margin: 0; z-index: 2; } .sidebar>li { list-style: none; margin-bottom: 10px; z-index: 2; } .sidebar a { text-decoration: none; color: #fff; z-index: 2; } .close-sidebar { font-size: 1.625em; padding-left: 5px; height: 2rem; z-index: 3; padding-top: 2px; } #sidebar1 { width: var(--menu); background: var(--cor); color: #fff; } #sidebar1 amp-img { width: var(--menu); height: 2rem; position: absolute; top: 5px; z-index: -1; } .fonte { font-family: var(--fonte); } .header { display: flex; background: var(--cor); color: #fff; align-items: center; height: 3.4rem; } .noticia { margin: 0.5rem; } .assunto { text-decoration: none; color: var(--cor); text-transform: uppercase; font-size: 1rem; font-weight: 800; display: block; } .titulo { color: #333; } .autor { color: var(--cor); font-weight: 600; } .chamada { color: #333; font-weight: 600; font-size: 1.2rem; line-height: 1.3; } .texto { line-height: 1.3; } .galeria {} .retranca {} .share { display: flex; justify-content: space-around; padding-bottom: 0.625rem; padding-top: 0.625rem; } .tags { display: flex; flex-wrap: wrap; flex-direction: row; text-decoration: none; } .tags ul { display: flex; flex-wrap: wrap; list-style-type: disc; margin-block-start: 0.5rem; margin-block-end: 0.5rem; margin-inline-start: 0px; margin-inline-end: 0px; padding-inline-start: 0px; flex-direction: row; } .tags ul li { display: flex; flex-wrap: wrap; flex-direction: row; padding-inline-end: 2px; padding-bottom: 3px; padding-top: 3px; } .tags ul li a { color: var(--cor); text-decoration: none; } .tags ul li a:visited { color: var(--cor); } .citacao {} /* Botões de compartilhamento arrendodados com a cor padrão do site */ amp-social-share.rounded { border-radius: 50%; background-size: 60%; color: #fff; background-color: var(--cor); } --> { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": "/euestudante/educacao-basica/2023/01/5066182-lei-que-inclui-cultura-afro-brasileira-nas-escolas-completa-20-anos.html", "name": "Lei que inclui cultura afro-brasileira nas escolas completa 20 anos ", "headline": "Lei que inclui cultura afro-brasileira nas escolas completa 20 anos ", "alternateName": "Educação", "alternativeHeadline": "Educação", "datePublished": "2023-01-14-0313:14:00-10800", "articleBody": "<p style="text-align: left;">Que tal brincar de bica bidom? A brincadeira vem de Angola e at&eacute; lembra o nosso esconde-esconde, mas guarda conex&otilde;es ainda mais importantes do que as regras do jogo. O Cat&aacute;logo de Jogos e Brincadeiras Africanas e Afro-brasileiras &eacute; um das iniciativas que buscam contribuir com uma educa&ccedil;&atilde;o para as rela&ccedil;&otilde;es &eacute;tnico-raciais.<img style="width: 1px; height: 1px; display: inline;" src="https://correiobraziliense-br.noticiases.info/ebc.png?id=1504307&amp;o=rss" /><img style="width: 1px; height: 1px; display: inline;" src="https://correiobraziliense-br.noticiases.info/ebc.gif?id=1504307&amp;o=rss" /></p> <p class="texto">Nesta semana, no dia 9 de janeiro, a Lei 10.639, que incluiu oficialmente nos curr&iacute;culos escolares o ensino de hist&oacute;ria e cultura afro-brasileiras, completou 20 anos. A <strong>Ag&ecirc;ncia Brasil</strong> conversou com especialistas e educadores que destacam avan&ccedil;os e a necessidade de monitorar a implementa&ccedil;&atilde;o da lei.</p> <ul> <li><a href="/politica/2023/01/5066170-anderson-torres-a-por-audiencia-de-custodia-neste-sabado-14-1.html" target="_blank" rel="noopener noreferrer">Anderson Torres a por audi&ecirc;ncia de cust&oacute;dia neste s&aacute;bado (14/1)</a><br /></li> <li><a href="/cidades-df/2023/01/5065765-houve-negligencia-e-omissao-diz-ex-secretario-de-seguranca-do-df.html" target="_blank" rel="noopener noreferrer">"Houve neglig&ecirc;ncia e omiss&atilde;o", diz ex-secret&aacute;rio de seguran&ccedil;a do DF</a><br /></li> <li><a href="/politica/2023/01/5066163-acusacoes-e-alertas-veja-detalhes-do-depoimento-prestado-por-ibaneis-a-pf.html" target="_blank" rel="noopener noreferrer">Acusa&ccedil;&otilde;es e alertas: veja detalhes do depoimento prestado por Ibaneis &agrave; PF</a><br /></li> </ul> <p class="texto">Entre as entrevistadas, h&aacute; o consenso de que a lei, em si, j&aacute; &eacute; um importante avan&ccedil;o, inclusive por ser uma demanda do movimento social negro. "A forma&ccedil;&atilde;o do docente, o processo de altera&ccedil;&atilde;o dos livros did&aacute;ticos, os livros paradid&aacute;ticos, hoje em dia, eu vejo esse movimento de literatura infantojuvenil que vem protagonizando com personagens negros e com a hist&oacute;ria de forma positiva da popula&ccedil;&atilde;o negra. Esses s&atilde;o pontos que me fazem olhar com muita alegria mesmo, pensando a lei", afirma Juliana Yade, especialista em educa&ccedil;&atilde;o do Ita&uacute; Social.<br /> <br /> Neli Edite dos Santos, professora da Universidade Federal de Uberl&acirc;ndia (UFU) e organizadora do livro <em>Construindo uma Educa&ccedil;&atilde;o Antirracista: Reflex&otilde;es, Afetos e Experi&ecirc;ncias</em>, diz que, apesar de observar entraves para a implementa&ccedil;&atilde;o da lei, reconhece que esta &eacute; uma quest&atilde;o que exp&otilde;e quest&otilde;es enraizadas na sociedade. "Estamos lidando com o nosso escravismo, com a nossa colonialidade, com as hierarquias &eacute;tnico-raciais, com o mito de democracia racial que tanto mal fez e faz ao pa&iacute;s. Entendo que o movimento antirracista e o movimento antirracista na educa&ccedil;&atilde;o, por si, j&aacute; &eacute; produto dessas leis."<br /> <br /> Para a pesquisadora Giv&acirc;nia Silva, da Coordena&ccedil;&atilde;o Nacional de Articula&ccedil;&atilde;o de Quilombos (Conaq), &eacute; preciso lembrar que a Lei 10.639, na verdade, &eacute; uma altera&ccedil;&atilde;o da Lei de Diretrizes e Bases da Educa&ccedil;&atilde;o Nacional (LDB). "&Eacute; a lei maior da educa&ccedil;&atilde;o no Brasil", ressalta Giv&acirc;nia. Para ela, cabe ao Minist&eacute;rio da Educa&ccedil;&atilde;o a indu&ccedil;&atilde;o de pol&iacute;ticas e ferramentas de apoio, mas tamb&eacute;m a cobran&ccedil;a das redes municipais e estaduais. "Caso isso n&atilde;o aconte&ccedil;a, n&atilde;o tem outro jeito a n&atilde;o ser a gente recorrer aos &oacute;rg&atilde;os de fiscaliza&ccedil;&atilde;o."</p> <p class="texto">O t&oacute;pico sobre Igualdade Racial, do Relat&oacute;rio Final do Governo de Transi&ccedil;&atilde;o, avalia que houve "aus&ecirc;ncia de acompanhamento, monitoramento e avalia&ccedil;&atilde;o da Lei sobre o Ensino da Hist&oacute;ria e Cultura Afro-brasileira e Ind&iacute;gena (10.639/03 &ndash; 11.645/08)".</p> <p class="texto">Juliana concorda que esse monitoramento &eacute; um dos aspectos fundamentais para avan&ccedil;ar na implementa&ccedil;&atilde;o da lei. "Estamos falando de fortalecimento das identidades e dos direitos dos afrodescendentes, dos ind&iacute;genas, de ser e estar e aprender nessa escola que forma, e que n&atilde;o pode mais formar, a favor do racismo. Estamos falando tamb&eacute;m de a&ccedil;&otilde;es educativas de combate ao racismo e &agrave;s discrimina&ccedil;&otilde;es. A implementa&ccedil;&atilde;o da lei e esse monitoramento v&atilde;o ajudar a entender como e em que p&eacute; est&aacute; cada um desses processos nos estados e munic&iacute;pios."</p> <h3>Entraves</h3> <p class="texto">Balan&ccedil;os anteriores da lei apontavam, por exemplo, defici&ecirc;ncias na produ&ccedil;&atilde;o de livros did&aacute;ticos. E este &eacute; um dos aspectos em que se considera que houve avan&ccedil;o. Por outro lado, limitar as a&ccedil;&otilde;es curriculares sobre rela&ccedil;&otilde;es &eacute;tnico-raciais a datas de refer&ecirc;ncia, como o Dia da Aboli&ccedil;&atilde;o da Escravatura e o Dia da Consci&ecirc;ncia Negra, s&atilde;o situa&ccedil;&otilde;es ainda observadas nas escolas.</p> <p class="texto">Juliana enfatiza que tamb&eacute;m precisa ser superada a leitura discriminat&oacute;ria sobre as narrativas m&iacute;ticas africanas. "Por conta dessa falsa moral, os professores se apegaram muito a essa quest&atilde;o da moralidade, em uma tradu&ccedil;&atilde;o simplista de que falar da lei &eacute; tratar de religiosidade de matriz africana dentro da escola."Para ela, o curr&iacute;culo tem vieses e, por isso mesmo, h&aacute; muitos anos carrega um vi&eacute;s euroc&ecirc;ntrico.</p> <p class="texto">Giv&acirc;nia acredita que a n&atilde;o implementa&ccedil;&atilde;o deste aspecto da LDB resulta de uma "miopia" da sociedade brasileira, que se nega a olhar para as quest&otilde;es de ra&ccedil;a. "A gente s&oacute; vai diminuir as desigualdades se diminuir e combater esse racismo estruturado em nossa sociedade. Como &eacute; que n&oacute;s vamos diminuir esse racismo? Com forma&ccedil;&atilde;o, com educa&ccedil;&atilde;o e que se formem novos gestores", afirma.</p> <h3>Iniciativas</h3> <p class="texto">O Cat&aacute;logo de Jogos e Brincadeiras Africanas e Afro-brasileiras, que abriu esta reportagem, percorre o universo l&uacute;dico de sete pa&iacute;ses: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guin&eacute;-Bissau, Guin&eacute; Equatorial, Mo&ccedil;ambique e S&atilde;o Tom&eacute; e Pr&iacute;ncipe. Eles fazem parte da Universidade da Integra&ccedil;&atilde;o Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), <em>campus</em> Mal&ecirc;s, que fica em S&atilde;o Francisco do Conde, na Bahia. A pesquisa surgiu com a ideia de elaborar um material que conson&acirc;ncia com a Lei 10.639, especialmente com as crian&ccedil;as da educa&ccedil;&atilde;o infantil.</p> <p class="texto">Segundo a pesquisadora M&iacute;ghian Danae, uma das organizadoras do cat&aacute;logo, a ades&atilde;o &agrave;s brincadeiras, tanto do p&uacute;blico de educadores quanto de crian&ccedil;as &eacute; quase instant&acirc;nea. "A proposta &eacute; de uma conex&atilde;o, ou de uma reconex&atilde;o, com esse lugar de pertencimento e tamb&eacute;m da promo&ccedil;&atilde;o da educa&ccedil;&atilde;o das rela&ccedil;&otilde;es &eacute;tnico-raciais." A pesquisadora destaca que os pequenos se sentem integrados &agrave; produ&ccedil;&atilde;o de conhecimento, por terem atividades corriqueiras do dia a dia reconhecidas no ambiente escolar.</p> <p class="texto">Embora n&atilde;o tenha sido o objetivo inicial da pesquisa de jogos e brincadeiras, M&iacute;ghian lembra que outras reflex&otilde;es surgiram a partir do material coletado e novas produ&ccedil;&otilde;es acad&ecirc;micas est&atilde;o em curso. "[Observamos] brincadeiras parecidas, e sempre v&atilde;o ser parecidas, nunca v&atilde;o ser iguais, porque estamos falando de pa&iacute;ses diferentes. Sempre diferentes. Mas a raiz &eacute; a mesma, a di&aacute;spora, que chegou at&eacute; a gente por esse processo t&atilde;o violento que foi a coloniza&ccedil;&atilde;o."</p> <p class="texto">O cat&aacute;logo foi inclu&iacute;do no Edital Equidade Racial na Educa&ccedil;&atilde;o B&aacute;sica, que apoiou pesquisas aplicadas e outros trabalhos que apontassem solu&ccedil;&otilde;es para os desafios da constru&ccedil;&atilde;o da equidade racial nas escolas do pa&iacute;s. A iniciativa conta com o apoio do Ita&uacute; Social, Centro de Estudos das Rela&ccedil;&otilde;es de Trabalho e Desigualdades, da Funda&ccedil;&atilde;o Tide Setubal, do Instituto Unibanco e do Fundo das Na&ccedil;&otilde;es Unidas para a Inf&acirc;ncia (Unicef).</p> <p class="texto">Outra pesquisa contemplada pelo edital foi coordenada por Neli Edite dos Santos. No livro <em>Construindo uma Educa&ccedil;&atilde;o Antirracista: Reflex&otilde;es, Afetos e Experi&ecirc;ncias</em>, organizado por Neli, os educadores encontram uma colet&acirc;nea de diversos autores sobre o racismo estrutural no ambiente escolar e estrat&eacute;gias de resist&ecirc;ncia. A obra traz pr&aacute;ticas educativas bem-sucedidas, al&eacute;m de relatos, poemas e artigos cient&iacute;ficos.</p> <p class="texto">No &acirc;mbito do edital, Neli desenvolveu o projeto "Construindo uma educa&ccedil;&atilde;o antirracista: ingresso e perman&ecirc;ncia de cotistas na educa&ccedil;&atilde;o b&aacute;sica", na Escola de Educa&ccedil;&atilde;o B&aacute;sica da UFU. Nesta iniciativa, foram usadas estrat&eacute;gias de di&aacute;logo com professores, pais e respons&aacute;veis, al&eacute;m das crian&ccedil;as, tamb&eacute;m da educa&ccedil;&atilde;o infantil.</p> <p class="texto">"N&oacute;s apostamos na m&uacute;sica, na conta&ccedil;&atilde;o de hist&oacute;rias, no teatro, no desenho e na dan&ccedil;a e, por meio dessas express&otilde;es art&iacute;sticas, trouxemos elementos de valoriza&ccedil;&atilde;o das culturas negra e ind&iacute;gena, de modo que essas crian&ccedil;as tivessem o seu olhar ampliado para est&eacute;ticas, corporeidades, para instrumentos musicais, para sons, para narrativas que ampliassem o repert&oacute;rio delas, para al&eacute;m do chamado eurocentrismo", acrescenta a pesquisadora.</p> <p class="texto">Em uma das atividades, os estudantes, de 4 a 5 anos, foram estimulados a refletir, a partir de giz de cera com 12 cores de tons de pele. "A gente traz para a perspectiva pedag&oacute;gica algo que esteja ao alcance daquela faixa et&aacute;ria, algo que tamb&eacute;m vai acionar a fam&iacute;lia e permitir que essa fam&iacute;lia se olhe do ponto de vista &eacute;tnico-racial. Olhe para si. Quem n&oacute;s somos?", questiona.</p> <h3>Cobertura do Correio Braziliense</h3> <p class="texto">Quer ficar por dentro sobre as principais not&iacute;cias do Brasil e do mundo? Siga o <strong>Correio Braziliense</strong> nas redes sociais. Estamos no <a href="https://twitter.com/correio" target="_blank" rel="noopener noreferrer">Twitter</a>, no <a href="https://www.facebook.com/correiobraziliense" target="_blank" rel="noopener noreferrer">Facebook</a>, no <a href="https://www.instagram.com/correio.braziliense/" target="_blank" rel="noopener noreferrer">Instagram</a>, no <a href="https://www.tiktok.com/@correio.braziliense" target="_blank" rel="noopener noreferrer">TikTok</a> e no <a href="https://www.youtube.com/channel/UCK3U5q7b8U8yffUlblyrpRQ" target="_blank" rel="noopener noreferrer">YouTube</a>. Acompanhe!</p> <h3>Newsletter</h3> <p class="texto">Assine a newsletter do <strong>Correio Braziliense</strong>. E fique bem informado sobre as principais not&iacute;cias do dia, no come&ccedil;o da manh&atilde;. <a href="https://www.getrevue.co/profile/correio-braziliense?utm_campaign=Issue&amp;utm_content=profilename&amp;utm_medium=email&amp;utm_source=Newsletter+do+Correio" target="_blank" rel="noopener noreferrer">Clique aqui.</a></p> <p class="texto"></p>", "isAccessibleForFree": true, "image": { "url": "https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2023/01/14/750x500/1_1008368_20160314_capa__171151-27267379.jpg?20230114131248?20230114131248", "width": 820, "@type": "ImageObject", "height": 490 }, "author": [ { "@type": "Person", "name": "Agência Brasil" } ], "publisher": { "logo": { "url": "https://image.staticox.com/?url=http%3A%2F%2Fimgs2.correiobraziliense.com.br%2Famp%2Flogo_cb_json.png", "@type": "ImageObject" }, "name": "Correio Braziliense", "@type": "Organization" } } 254z2a

Eu, Estudante 29715y

Educação

Lei que inclui cultura afro-brasileira nas escolas completa 20 anos 1qw5r

Nesta semana, no dia 9 de janeiro, a Lei 10.639, que incluiu oficialmente nos currículos escolares o ensino de história e cultura afro-brasileiras, completou 20 anos 704o

Que tal brincar de bica bidom? A brincadeira vem de Angola e até lembra o nosso esconde-esconde, mas guarda conexões ainda mais importantes do que as regras do jogo. O Catálogo de Jogos e Brincadeiras Africanas e Afro-brasileiras é um das iniciativas que buscam contribuir com uma educação para as relações étnico-raciais.

Nesta semana, no dia 9 de janeiro, a Lei 10.639, que incluiu oficialmente nos currículos escolares o ensino de história e cultura afro-brasileiras, completou 20 anos. A Agência Brasil conversou com especialistas e educadores que destacam avanços e a necessidade de monitorar a implementação da lei.

Entre as entrevistadas, há o consenso de que a lei, em si, já é um importante avanço, inclusive por ser uma demanda do movimento social negro. "A formação do docente, o processo de alteração dos livros didáticos, os livros paradidáticos, hoje em dia, eu vejo esse movimento de literatura infantojuvenil que vem protagonizando com personagens negros e com a história de forma positiva da população negra. Esses são pontos que me fazem olhar com muita alegria mesmo, pensando a lei", afirma Juliana Yade, especialista em educação do Itaú Social.

Neli Edite dos Santos, professora da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e organizadora do livro Construindo uma Educação Antirracista: Reflexões, Afetos e Experiências, diz que, apesar de observar entraves para a implementação da lei, reconhece que esta é uma questão que expõe questões enraizadas na sociedade. "Estamos lidando com o nosso escravismo, com a nossa colonialidade, com as hierarquias étnico-raciais, com o mito de democracia racial que tanto mal fez e faz ao país. Entendo que o movimento antirracista e o movimento antirracista na educação, por si, já é produto dessas leis."

Para a pesquisadora Givânia Silva, da Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos (Conaq), é preciso lembrar que a Lei 10.639, na verdade, é uma alteração da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB). "É a lei maior da educação no Brasil", ressalta Givânia. Para ela, cabe ao Ministério da Educação a indução de políticas e ferramentas de apoio, mas também a cobrança das redes municipais e estaduais. "Caso isso não aconteça, não tem outro jeito a não ser a gente recorrer aos órgãos de fiscalização."

O tópico sobre Igualdade Racial, do Relatório Final do Governo de Transição, avalia que houve "ausência de acompanhamento, monitoramento e avaliação da Lei sobre o Ensino da História e Cultura Afro-brasileira e Indígena (10.639/03 – 11.645/08)".

Juliana concorda que esse monitoramento é um dos aspectos fundamentais para avançar na implementação da lei. "Estamos falando de fortalecimento das identidades e dos direitos dos afrodescendentes, dos indígenas, de ser e estar e aprender nessa escola que forma, e que não pode mais formar, a favor do racismo. Estamos falando também de ações educativas de combate ao racismo e às discriminações. A implementação da lei e esse monitoramento vão ajudar a entender como e em que pé está cada um desses processos nos estados e municípios."

Entraves 24rf

Balanços anteriores da lei apontavam, por exemplo, deficiências na produção de livros didáticos. E este é um dos aspectos em que se considera que houve avanço. Por outro lado, limitar as ações curriculares sobre relações étnico-raciais a datas de referência, como o Dia da Abolição da Escravatura e o Dia da Consciência Negra, são situações ainda observadas nas escolas.

Juliana enfatiza que também precisa ser superada a leitura discriminatória sobre as narrativas míticas africanas. "Por conta dessa falsa moral, os professores se apegaram muito a essa questão da moralidade, em uma tradução simplista de que falar da lei é tratar de religiosidade de matriz africana dentro da escola."Para ela, o currículo tem vieses e, por isso mesmo, há muitos anos carrega um viés eurocêntrico.

Givânia acredita que a não implementação deste aspecto da LDB resulta de uma "miopia" da sociedade brasileira, que se nega a olhar para as questões de raça. "A gente só vai diminuir as desigualdades se diminuir e combater esse racismo estruturado em nossa sociedade. Como é que nós vamos diminuir esse racismo? Com formação, com educação e que se formem novos gestores", afirma.

Iniciativas 3g3w3b

O Catálogo de Jogos e Brincadeiras Africanas e Afro-brasileiras, que abriu esta reportagem, percorre o universo lúdico de sete países: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique e São Tomé e Príncipe. Eles fazem parte da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), campus Malês, que fica em São Francisco do Conde, na Bahia. A pesquisa surgiu com a ideia de elaborar um material que consonância com a Lei 10.639, especialmente com as crianças da educação infantil.

Segundo a pesquisadora Míghian Danae, uma das organizadoras do catálogo, a adesão às brincadeiras, tanto do público de educadores quanto de crianças é quase instantânea. "A proposta é de uma conexão, ou de uma reconexão, com esse lugar de pertencimento e também da promoção da educação das relações étnico-raciais." A pesquisadora destaca que os pequenos se sentem integrados à produção de conhecimento, por terem atividades corriqueiras do dia a dia reconhecidas no ambiente escolar.

Embora não tenha sido o objetivo inicial da pesquisa de jogos e brincadeiras, Míghian lembra que outras reflexões surgiram a partir do material coletado e novas produções acadêmicas estão em curso. "[Observamos] brincadeiras parecidas, e sempre vão ser parecidas, nunca vão ser iguais, porque estamos falando de países diferentes. Sempre diferentes. Mas a raiz é a mesma, a diáspora, que chegou até a gente por esse processo tão violento que foi a colonização."

O catálogo foi incluído no Edital Equidade Racial na Educação Básica, que apoiou pesquisas aplicadas e outros trabalhos que apontassem soluções para os desafios da construção da equidade racial nas escolas do país. A iniciativa conta com o apoio do Itaú Social, Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades, da Fundação Tide Setubal, do Instituto Unibanco e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).

Outra pesquisa contemplada pelo edital foi coordenada por Neli Edite dos Santos. No livro Construindo uma Educação Antirracista: Reflexões, Afetos e Experiências, organizado por Neli, os educadores encontram uma coletânea de diversos autores sobre o racismo estrutural no ambiente escolar e estratégias de resistência. A obra traz práticas educativas bem-sucedidas, além de relatos, poemas e artigos científicos.

No âmbito do edital, Neli desenvolveu o projeto "Construindo uma educação antirracista: ingresso e permanência de cotistas na educação básica", na Escola de Educação Básica da UFU. Nesta iniciativa, foram usadas estratégias de diálogo com professores, pais e responsáveis, além das crianças, também da educação infantil.

"Nós apostamos na música, na contação de histórias, no teatro, no desenho e na dança e, por meio dessas expressões artísticas, trouxemos elementos de valorização das culturas negra e indígena, de modo que essas crianças tivessem o seu olhar ampliado para estéticas, corporeidades, para instrumentos musicais, para sons, para narrativas que ampliassem o repertório delas, para além do chamado eurocentrismo", acrescenta a pesquisadora.

Em uma das atividades, os estudantes, de 4 a 5 anos, foram estimulados a refletir, a partir de giz de cera com 12 cores de tons de pele. "A gente traz para a perspectiva pedagógica algo que esteja ao alcance daquela faixa etária, algo que também vai acionar a família e permitir que essa família se olhe do ponto de vista étnico-racial. Olhe para si. Quem nós somos?", questiona.

Cobertura do Correio Braziliense 3t4s3v

Quer ficar por dentro sobre as principais notícias do Brasil e do mundo? Siga o Correio Braziliense nas redes sociais. Estamos no Twitter, no Facebook, no Instagram, no TikTok e no YouTube. Acompanhe!

Newsletter 2j4xa

Assine a newsletter do Correio Braziliense. E fique bem informado sobre as principais notícias do dia, no começo da manhã. Clique aqui.