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O Dia Internacional da Mulher, em 8 de mar&ccedil;o, rememora a luta pela inclus&atilde;o produtiva de trabalhadoras e pelo avan&ccedil;o de seus direitos econ&ocirc;micos, trabalhistas, pol&iacute;ticos e sociais.</p> <p class="texto">A data, nascida em meio a movimentos oper&aacute;rios do in&iacute;cio do s&eacute;culo XX, capitaneados por mulheres, foi oficializada em 1975 pela Organiza&ccedil;&atilde;o das Na&ccedil;&otilde;es Unidas (ONU) e refor&ccedil;a as vit&oacute;rias dos movimentos feministas para a promo&ccedil;&atilde;o da igualdade de g&ecirc;nero, al&eacute;m de cobrar a amplia&ccedil;&atilde;o da equidade no mundo do trabalho.</p> <p class="texto">Para reconhecer o pioneirismo de mulheres que abrem portas e caminhos para um Brasil melhor por meio de sua atua&ccedil;&atilde;o profissional, o <strong>Correio</strong> conta a hist&oacute;ria de sete profissionais de sucesso. S&atilde;o figuras p&uacute;blicas e an&ocirc;nimas, negras e brancas, consagradas ou no in&iacute;cio da carreira, de diferentes &aacute;reas, que representam tantas outras trabalhadoras. S&atilde;o Concei&ccedil;&atilde;o, Marise, Neiva, Raquel, Carla, Sarah e Ana &mdash; mulheres que revolucionam seu mundo e mostram, cotidianamente, que a contribui&ccedil;&atilde;o feminina para o mercado de trabalho n&atilde;o &eacute; uma concess&atilde;o, mas uma necessidade.</p> <p class="texto"><strong>Escrita do Brasil pelo mundo</strong></p> <p class="texto"><strong><div> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2024/02/29/675x450/1__mg_3711-35241673.jpg" width="675" height="450" layout="responsive" alt="A escritora Concei&ccedil;&atilde;o Evaristo toma posse com artitas nomeados na Academia Brasileira de Cultura"></amp-img> <figcaption> Fernando Fraz&atilde;o/Ag&ecirc;ncia Brasil - <b>A escritora Concei&ccedil;&atilde;o Evaristo toma posse com artitas nomeados na Academia Brasileira de Cultura</b></figcaption> </div></strong></p> <p class="texto">&ldquo;Quem nos d&aacute; o status de artista &eacute; o p&uacute;blico. Eu n&atilde;o me consideraria escritora se a minha escrita n&atilde;o tivesse resson&acirc;ncia. Entendi quem era &agrave; medida que ganhei meus leitores, que, ali&aacute;s, s&atilde;o muito diversos, s&atilde;o negros, brancos, jovens, pessoas mais velhas, n&atilde;o s&oacute; no Brasil, mas no estrangeiro&rdquo;, afirma Concei&ccedil;&atilde;o Evaristo.</p> <p class="texto">Uma das mais importantes e prestigiadas vozes da literatura contempor&acirc;nea brasileira, Concei&ccedil;&atilde;o encontrou n&atilde;o apenas seu p&uacute;blico, mas um lugar na hist&oacute;ria do pa&iacute;s. Na pr&oacute;xima semana, aos 77 anos, se torna uma imortal da Academia Mineira de Letras (AML).</p> <p class="texto">Com tr&ecirc;s romances publicados, sua produ&ccedil;&atilde;o &eacute; tamb&eacute;m constitu&iacute;da de poemas, contos e ensaios, e em grande parte traduzida para o ingl&ecirc;s, franc&ecirc;s, &aacute;rabe, espanhol, eslovaco e italiano. Em 2015, recebeu o Pr&ecirc;mio Jabuti na categoria contos e cr&ocirc;nicas pelo livro Olhos D&rsquo;&aacute;gua e, em 2019, foi a grande homenageada da premia&ccedil;&atilde;o como personalidade liter&aacute;ria, entre tantas outras nomea&ccedil;&otilde;es.</p> <p class="texto">Nascida em Belo Horizonte, migrou para o Rio de Janeiro na d&eacute;cada de 1970, onde estudou letras na Universidade Federal do Rio de Janeiro e se formou doutora na Universidade Federal Fluminense. Dedicou a prol&iacute;fera carreira como acad&ecirc;mica e educadora &agrave; &aacute;rea de lingu&iacute;stica.</p> <p class="texto">Publicada pela primeira vez aos 44 anos, conta que come&ccedil;ou a escrever desde menina. &ldquo;O que me levava a escrever antes do encontro com o p&uacute;blico era a incapacidade de cantar ou dan&ccedil;ar. Se tivesse esse dom, ia me libertar por meio da m&uacute;sica, a&iacute; eu iria ser in&aacute;vel&rdquo;, brinca.</p> <p class="texto">Concei&ccedil;&atilde;o diz que a literatura &eacute; a senha pela qual a o mundo e que a escrita e a leitura s&atilde;o seus espa&ccedil;os de indagar o sentido da vida. Por isso, criou o conceito de &ldquo;escriviv&ecirc;ncia&rdquo;, que significa uma escrita feita a partir da viv&ecirc;ncia de mulheres negras que rejeitam o papel de servid&atilde;o que a sociedade quer impor a elas. Concei&ccedil;&atilde;o explica que o termo rememora as mulheres negras escravizadas que eram obrigadas a contar hist&oacute;rias para a prole escravizadora. &ldquo;Hoje, a autoria negra n&atilde;o tem mais essa fun&ccedil;&atilde;o, n&atilde;o &eacute; para adormecer a Casa Grande, e, sim, para acord&aacute;-la de seus sonhos injustos. Somos donas da nossa escrita, do nosso conte&uacute;do. Esse &eacute; um fundamento hist&oacute;rico e ancestral, &eacute; a fala dessas mulheres que potencializa nossa escrita hoje, livre.&rdquo;</p> <p class="texto">Concei&ccedil;&atilde;o fala que muitos cr&iacute;ticos liter&aacute;rios n&atilde;o consideram como literatura aquela produzida por grupos sociais subjugados. &ldquo;A literatura negra &eacute; sempre colocada em d&uacute;vida, questionam se estamos fazendo ou n&atilde;o arte. Mas minha literatura &eacute; capaz de conquistar as pessoas em suas humanidades, sejam quem forem, mesmo isso ando pela minha experi&ecirc;ncia marcada por uma condi&ccedil;&atilde;o afrodiasp&oacute;rica, por uma mem&oacute;ria de subjuga&ccedil;&atilde;o. Falo de um local particular, mas ela &eacute; capaz de mobilizar por trazer personagens cujos dramas e fraquezas revelam a inteireza humana&rdquo;, argumenta.</p> <p class="texto">Segundo ela, a escrita tamb&eacute;m &eacute; uma forma de vingan&ccedil;a. Criada sem pai, nascida na periferia, a escritora alcan&ccedil;ou os espa&ccedil;os que as patroas de sua m&atilde;e lhe negavam. &ldquo;Vim de uma realidade que n&atilde;o me colocaria nesse lugar. A sociedade brasileira n&atilde;o espera que uma mulher negra possa ser escritora, intelectual. Sou uma escritora que vende, e isso me coloca em outra classe, hoje, mas n&atilde;o me faz esquecer que ocupo um lugar de exce&ccedil;&atilde;o. E toda exce&ccedil;&atilde;o confirma uma regra."</p> <h3>Diplomacia negra</h3> <p class="texto"><div> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2024/03/02/675x450/1_1_35238372-35268567.jpeg" width="675" height="450" layout="responsive" alt="."></amp-img> <figcaption>Arquivo pessoal - <b>.</b></figcaption> </div></p> <p class="texto">Marise Ribeiro Nogueira, 59 anos, foi a primeira mulher negra egressa do programa de a&ccedil;&atilde;o afirmativa do Itamaraty. Diplomata h&aacute; 20 anos, atualmente &eacute; ministra conselheira da embaixada brasileira no Panam&aacute;. Filha de um torneiro mec&acirc;nico e de uma auxiliar istrativa, viu a fam&iacute;lia se incluir socialmente por meio do servi&ccedil;o p&uacute;blico, que abra&ccedil;aria anos mais tarde.</p> <p class="texto">Assistiu de perto, tamb&eacute;m, os avan&ccedil;os da diplomacia brasileira em dire&ccedil;&atilde;o &agrave; inclus&atilde;o: quando entrou para a carreira, os profissionais negros (pretos e pardos) correspondiam a apenas 1% dos quadros, hoje, s&atilde;o cerca de 15%.</p> <p class="texto">Segundo ela, pessoas negras t&ecirc;m se beneficiado de a&ccedil;&otilde;es afirmativas, como o programa do qual participou e que oferecia bolsas para que candidatos negros pudessem se dedicar aos estudos para o Concurso de iss&atilde;o &agrave; Carreira Diplom&aacute;tica, e, mais tarde, das cotas no servi&ccedil;o p&uacute;blico, mas a melhora &eacute; t&iacute;mida e lenta.</p> <p class="texto">&ldquo;Represento a vit&oacute;ria. Rompi com a invisibilidade, contribuo com a diminui&ccedil;&atilde;o da sub-representatividade, mas para n&oacute;s, mulheres negras, ainda h&aacute; um teto de concreto para o progress&atilde;o&nbsp;funcional em carreiras de alto escal&atilde;o do servi&ccedil;o p&uacute;blico. Ou seja, sou vitoriosa, mas n&atilde;o quero que essa vit&oacute;ria seja s&oacute; minha, at&eacute; porque &eacute; um peso muito grande. A diplomacia &eacute; uma carreira de grande prest&iacute;gio, mas tamb&eacute;m de grande demanda e responsabilidade. Quando a gente representa um grupo social, isso fica ainda mais pesado. Se voc&ecirc; erra, &eacute; como se toda aquela categoria errasse, e acertar sempre &eacute; imposs&iacute;vel para humanos&rdquo;, afirma.</p> <p class="texto">Fluminense, Marise se formou m&eacute;dica, concluiu um mestrado na &aacute;rea de radiologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e trabalhou por anos na profiss&atilde;o. Por&eacute;m, dois interc&acirc;mbios, na Alemanha e na Fran&ccedil;a, a fizeram tomar gosto pela vida no exterior e repensar sua trajet&oacute;ria. O desejo de ver mais afro-brasileiros atuando na pol&iacute;tica internacional foi o ponto de virada para a transi&ccedil;&atilde;o de carreira.</p> <p class="texto">Antes do posto no pa&iacute;s da Am&eacute;rica Central, foi lotada em Bras&iacute;lia, quando tamb&eacute;m exerceu cargos no governo federal e distrital, em Lima, Buenos Aires e Estados Unidos. Sempre de mudan&ccedil;a, Marise ainda &eacute; m&atilde;e de tr&ecirc;s meninas, que criou entre um pa&iacute;s e outro. &ldquo;&Eacute; dif&iacute;cil conciliar carreira com maternidade em qualquer profiss&atilde;o, mas a carreira diplom&aacute;tica cria dificuldades extras. Quando sa&iacute; do Rio, perdi toda minha rede de apoio, e quando sa&iacute; do Brasil, o desafio foi ainda maior, porque toda fam&iacute;lia teve que se adaptar &agrave; nova cultura. N&atilde;o &eacute; &agrave; toa que entre fam&iacute;lias do servi&ccedil;o internacional, um c&ocirc;njuge &eacute; o provedor e o outro o cuidador, e o cuidado, obviamente, costuma recair mais sobre as mulheres&rdquo;, conta.</p> <h3>Ci&ecirc;ncia para preservar a vida</h3> <p class="texto"><div> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2024/02/29/675x450/1_whatsapp_image_2024_02_29_at_22_19_57-35268578.jpeg" width="675" height="450" layout="responsive" alt="Neiva Guedes &eacute; uma das cientistas respons&aacute;veis pela preserva&ccedil;&atilde;o das araras azuis"></amp-img> <figcaption>Arquivo pessoal - <b>Neiva Guedes &eacute; uma das cientistas respons&aacute;veis pela preserva&ccedil;&atilde;o das araras azuis</b></figcaption> </div></p> <p class="texto">Neiva Guedes &eacute; uma das principais pesquisadoras de araras-azuis do pa&iacute;s e grande respons&aacute;vel pela preserva&ccedil;&atilde;o da esp&eacute;cie. Nascida em Mato Grosso do Sul e formada bi&oacute;loga pela Universidade Federal do estado, &eacute; doutora em ci&ecirc;ncias biol&oacute;gicas pela Universidade Estadual de S&atilde;o Paulo.</p> <p class="texto">Aos 62 anos, continua a lutar pela causa pela qual dedicou sua vida. Presidente do Instituto Arara Azul, a professora conta que seu amor pela natureza se agigantou quando viu o animal pela primeira vez, livre, e soube que a esp&eacute;cie estava amea&ccedil;ada de extin&ccedil;&atilde;o. &ldquo;Sempre digo que foi paix&atilde;o &agrave; primeira vista. N&atilde;o tinha como n&atilde;o me encantar com aquele ser curioso, de um azul cobalto degrad&ecirc; da cabe&ccedil;a at&eacute; a cauda, com amarelo ouro no entorno dos olhos e da mand&iacute;bula. Ent&atilde;o, a partir daquele momento que a vi, decidi estud&aacute;-la e fazer de tudo para que n&atilde;o desaparecesse.&rdquo;</p> <p class="texto">Pesquisando a biologia reprodutiva das araras, Neiva descobriu que faltavam lugares para que se reproduzissem e, ent&atilde;o, come&ccedil;ou a testar diferentes materiais para confec&ccedil;&atilde;o de ninhos. A cientista criou uma caixa de madeira da qual as aves gostaram e aram a usar imediatamente. &ldquo;Usamos essas caixas at&eacute; hoje. J&aacute; instalamos mais de 800 no Pantanal e no Cerrado. Tamb&eacute;m recuperamos ninhos naturais que estejam se perdendo. Trabalhamos com ecologia, gen&eacute;tica, comportamento, alimenta&ccedil;&atilde;o... E n&atilde;o s&oacute; da arara-azul, mas de outras esp&eacute;cies que ocorrem ou interagem com ela no mesmo habitat&rdquo;, explica, pontuando de que forma o instituto vem revertendo a senten&ccedil;a de extin&ccedil;&atilde;o dos animais.</p> <p class="texto">&ldquo;Enfrentei muitos desafios. ei noites em claro, rodando nas estradas ou no campo. Muitas picadas de pernilongos e carrapatos. Muito sol, calor ou frio. Abri m&atilde;o de muitas coisas. Tive uma vida muito agitada. Me casei, tenho uma filha, atualmente com 21 anos, e quando ela era pequena foi dif&iacute;cil, mas tive apoio da fam&iacute;lia e consegui me organizar para cuidar da casa, da fam&iacute;lia e do projeto&rdquo;, lembra.</p> <h3><br />Inclus&atilde;o nas exatas</h3> <p class="texto"><div> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2024/02/29/675x450/1_2-35268579.jpg" width="675" height="450" layout="responsive" alt="Raquel Reis &eacute; uma das fundadoras do Mulheres em Dados, maior coletivo de mulheres da &aacute;rea de TI do pa&iacute;s"></amp-img> <figcaption>Reprodu&ccedil;&atilde;o YouTube - <b>Raquel Reis &eacute; uma das fundadoras do Mulheres em Dados, maior coletivo de mulheres da &aacute;rea de TI do pa&iacute;s</b></figcaption> </div></p> <p class="texto">Raquel Cardoso Reis tem apenas 30 anos e uma carreira internacional. Formada em engenharia el&eacute;trica pela Universidade de Bras&iacute;lia, iniciou no mundo do trabalho como engenheira, mas, atualmente, atua como analista de dados. A mudan&ccedil;a de rumos veio quando percebeu as resist&ecirc;ncias que encontraria para crescer em uma &aacute;rea com poucas oportunidades para mulheres.</p> <p class="texto">Sem sair do campo das exatas, Raquel fez especializa&ccedil;&atilde;o em ci&ecirc;ncia de dados e uma transi&ccedil;&atilde;o de carreira calculada. Come&ccedil;ou a ganhar experi&ecirc;ncia com trabalhos extras, participou de diversos processos seletivos, at&eacute; que conseguiu uma oportunidade com uma startup americana de NFTs. Hoje, ocupa um cargo s&ecirc;nior no setor de servi&ccedil;os financeiros da Hotmart, empresa brasileira de tecnologia educacional.</p> <p class="texto">&ldquo;Meu plano de carreira &eacute; permanecer sempre em movimento. A &aacute;rea de dados &eacute; muito din&acirc;mica, acho bem dif&iacute;cil conseguir prever quais ser&atilde;o as melhores apostas para o meu futuro. Mas pretendo continuar estudando, aplicando meus conhecimentos e buscando estar em projetos relevantes&rdquo;, ambiciona.</p> <p class="texto">Apesar de ter conquistado uma maior proje&ccedil;&atilde;o na carreira de tecnologia da informa&ccedil;&atilde;o (TI) do que na engenharia, Raquel pondera que a &aacute;rea tamb&eacute;m &eacute; predominantemente masculina e carece de representatividade de mulheres em cargos de lideran&ccedil;a. &ldquo;&Eacute; muito importante para uma mulher ver que outra, como ela, conseguiu alcan&ccedil;ar esses lugares. Ainda &eacute; necess&aacute;rio falar sobre machismo no mundo do trabalho porque estamos longe de uma equidade&rdquo;, diz.</p> <p class="texto">Para ajudar as colegas, ela criou, com outras profissionais de TI, o Mulheres em Dados, a maior comunidade feminina na &aacute;rea do Brasil, com 28 mil seguidores no LinkedIn. &ldquo;Come&ccedil;amos com um grupo de 10 mulheres espalhadas pelo pa&iacute;s, para que n&atilde;o nos sent&iacute;ssemos mais t&atilde;o sozinhas em nossa atua&ccedil;&atilde;o. Hoje, s&atilde;o 8.800 colegas e temos um espa&ccedil;o para trocar dicas sobre a &aacute;rea, divulgar vagas, fazer encontros de capacita&ccedil;&atilde;o, sempre com a mentalidade de que uma puxa a outra&rdquo;, conta.</p> <p class="texto">A analista afirma que a inser&ccedil;&atilde;o feminina em cursos de exatas &eacute; menor por quest&otilde;es culturais: &ldquo;Acredita-se que mulheres possuem uma performance melhor em outras &aacute;reas. Mas, na medida em que incentivamos umas &agrave;s outras a buscar nossos sonhos, sem nenhum vi&eacute;s, mais mulheres v&atilde;o se interessar pela &aacute;rea de exatas tamb&eacute;m.&rdquo;</p> <h3>Empreendedorismo feminino</h3> <p class="texto"><div> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2024/03/02/675x450/1_carla_plenapausa_35236444-35268620.jpg" width="675" height="450" layout="responsive" alt="."></amp-img> <figcaption>Divulga&ccedil;&atilde;o Jangada Consultoria de Comunica&ccedil;&atilde;o - <b>.</b></figcaption> </div></p> <p class="texto">Carla Moussalli, 33 anos, &eacute; cofundadora da Plenapausa, empresa voltada a levar informa&ccedil;&atilde;o, cuidado e tratamento para mulheres com mais de 40 anos de idade que est&atilde;o na menopausa.</p> <p class="texto">Advogada formada pela PUC-S&atilde;o Paulo e p&oacute;s-graduada em inova&ccedil;&atilde;o e empreendedorismo em sa&uacute;de, Carla queria criar uma empresa que oferecesse acolhimento para as mulheres que atravessam essa fase da vida. &ldquo;A menopausa &eacute; vista como um estigma, um tabu. N&oacute;s queremos que as pessoas conhe&ccedil;am a import&acirc;ncia desse assunto&rdquo;, diz.</p> <p class="texto">A ideia para o neg&oacute;cio come&ccedil;ou com uma hist&oacute;ria que ela e a s&oacute;cia, M&aacute;rcia Cunha, tinham em comum: &ldquo;Nossas m&atilde;es sofreram com problemas de sa&uacute;de relacionados &agrave; menopausa, e v&iacute;amos a relev&acirc;ncia de desmistificar esse assunto e levar o conhecimento para outras mulheres, para que elas possam voltar a ter qualidade de vida nesse per&iacute;odo.&rdquo;</p> <p class="texto">A empresa fornece um teste, produzido por ginecologistas, para saber se a pessoa entrou ou n&atilde;o no climat&eacute;rio, per&iacute;odo de transi&ccedil;&atilde;o para a menopausa. Se o resultado der positivo, a Plenapausa oferece diversos servi&ccedil;os de acolhimento com profissionais da sa&uacute;de e a op&ccedil;&atilde;o de participar de uma roda de apoio com outras mulheres que tamb&eacute;m est&atilde;o vivendo essa fase. A empresa tamb&eacute;m produz suplementos para combater os sintomas da menopausa.</p> <p class="texto">Carla acredita que empreender para outras mulheres &eacute; um privil&eacute;gio e que &eacute; poss&iacute;vel crescer mesmo em mercados dominados por homens. &ldquo;Para o futuro, queremos que nossa empresa avance ainda mais, para cuidar da sa&uacute;de feminina e ser uma inspira&ccedil;&atilde;o para elas.&rdquo;</p> <h3>Servi&ccedil;o p&uacute;blico de excel&ecirc;ncia</h3> <p class="texto"><div> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2024/03/02/675x450/1__cb15801_35209220-35268583.jpg" width="675" height="450" layout="responsive" alt="."></amp-img> <figcaption>Arquivo Pessoal - <b>.</b></figcaption> </div></p> <p class="texto">Sarah Delma tem 36 anos e atua como consultora legislativa na &aacute;rea de Constitui&ccedil;&atilde;o e Justi&ccedil;a da C&acirc;mara Legislativa do Distrito Federal (CLDF). Ganhou&nbsp;destaque como secret&aacute;ria da Comiss&atilde;o Parlamentar de Inqu&eacute;rito dos Atos Antidemocr&aacute;ticos no DF. A condu&ccedil;&atilde;o dos trabalhos em uma das mais delicadas investiga&ccedil;&otilde;es parlamentares dos &uacute;ltimos anos lhe rendeu a Medalha do Ex&eacute;rcito Brasileiro, honraria raramente concedida a uma mulher.</p> <p class="texto">&ldquo;N&atilde;o senti resist&ecirc;ncia dos parlamentares na condu&ccedil;&atilde;o da I por ser mulher, me senti, na verdade, muito reconhecida pela minha compet&ecirc;ncia. Mas n&oacute;s sabemos, uma mulher, para ocupar lugares de destaque como esse, tem que demonstrar tr&ecirc;s vezes mais compet&ecirc;ncia do que um homem demonstraria para alcan&ccedil;ar o mesmo espa&ccedil;o, ent&atilde;o posso dizer que foi um caminho muito &aacute;rduo&rdquo;, conta.</p> <p class="texto">E a trajet&oacute;ria de Sarah foi de constante comprova&ccedil;&atilde;o de compet&ecirc;ncia. Aprovada em 21 concursos, diversos entre os primeiros lugares, no Judici&aacute;rio Federal, no Executivo Federal e Distrital, a paraibana chegou a Bras&iacute;lia determinada a se tornar servidora p&uacute;blica. &ldquo;Cheguei aqui com uma mala de livros e outra de roupas, em 2013. Eu tinha apenas um sonho e fui construindo meu caminho&rdquo;, lembra.</p> <p class="texto">Formada em direito e rela&ccedil;&otilde;es internacionais pelas universidades federal e estadual da Para&iacute;ba, Sarah contou com a ajuda dos pais para se sustentar durante o per&iacute;odo de estudos na capital, que durou cinco anos. Nesse tempo, chegou a tomar posse em um dos concursos que foi aprovada, mas abdicou do emprego para se dedicar &agrave; prepara&ccedil;&atilde;o para a carreira que realmente almejava, de consultoria legislativa. Foi quando estabeleceu uma rotina de cerca de 10h de estudo por dia.</p> <p class="texto">&ldquo;Abri m&atilde;o de namoro, de estar perto da minha fam&iacute;lia, de quase tudo d&aacute; prazer para estudar, mas sabia que s&oacute; iria dar certo se me dedicasse tanto. Sei que pouqu&iacute;ssimas pessoas no Brasil t&ecirc;m o privil&eacute;gio de apenas estudar, mas eu aproveitei a oportunidade e valeu a pena&rdquo;, celebra.</p> <p class="texto">Sarah acredita que o processo de estudo para carreiras de alto desempenho na istra&ccedil;&atilde;o p&uacute;blica forja bom servidores: &ldquo;Foram anos de muita ren&uacute;ncia e solid&atilde;o, porque estudar &eacute; uma pr&aacute;tica solit&aacute;ria, mas que me levaram a exercer minha carreira de forma mais excelente, a dar mais valor a essa fun&ccedil;&atilde;o de servi&ccedil;o &agrave; sociedade.&rdquo;</p> <h3>Educa&ccedil;&atilde;o revolucion&aacute;ria</h3> <p class="texto"><div> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2024/03/02/475x750/1__cb15464_35195274-35268595.jpg" width="474" height="750" layout="responsive" alt="."></amp-img> <figcaption>Carlos Vieira CB/DA Press - <b>.</b></figcaption> </div></p> <p class="texto">Ana Paula Bastos, 49 anos, &eacute; educadora da Secretaria de Educa&ccedil;&atilde;o do Distrito Federal. Como diretora do Centro de Ensino Fundamental (CEF) da 306 Norte, foi respons&aacute;vel por mudan&ccedil;as nas diretrizes pedag&oacute;gicas da escola que a colocaram em um patamar de excel&ecirc;ncia na educa&ccedil;&atilde;o p&uacute;blica da cidade.</p> <p class="texto">O primeiro contato com a &aacute;rea foi na adolesc&ecirc;ncia, quando cursou magist&eacute;rio na Escola Normal de Bras&iacute;lia. Mais tarde, Ana Paula decidiu cursar pedagogia no Centro Universit&aacute;rio de Bras&iacute;lia (CEUB), acreditando ser sua voca&ccedil;&atilde;o. &ldquo;Para ser professor, n&atilde;o basta amor, tamb&eacute;m precisa ter voca&ccedil;&atilde;o, porque, a&iacute;, se tem &acirc;nimo para inovar, para lutar pelos direitos dos alunos e da pr&oacute;pria escola&rdquo;, defende.</p> <p class="texto">Um ano antes de se formar, fez o concurso da Secretaria da Educa&ccedil;&atilde;o, mas, quando conferiu o resultado e soube que estava nas &uacute;ltimas coloca&ccedil;&otilde;es, foi trabalhar em uma livraria. Ana estava t&atilde;o envolvida no emprego que, quando foi chamada para trabalhar em uma escola, hesitou em aceitar. No entanto, topou o desafio e trabalhou por um tempo com crian&ccedil;as pequenas, substituindo uma profissional que estava de licen&ccedil;a maternidade. Pouco tempo depois, se tornaria diretora do Jardim de Inf&acirc;ncia da 302 Norte.</p> <p class="texto">Depois de tr&ecirc;s anos trabalhando com educa&ccedil;&atilde;o infantil, em 2008, a educadora foi lotada no CEF 306 Norte como supervisora istrativa. Devido a seu bom desempenho no trabalho, o ent&atilde;o diretor prop&ocirc;s a ela que prestasse o concurso para a diretoria da escola. Ana Paula ganhou o cargo e ou 15 anos no comando do centro de ensino.</p> <p class="texto">Segundo ela, um dos seus principais desafios era a inclus&atilde;o de alunos que estavam fora da idade regular, mas n&atilde;o haviam conclu&iacute;do o ensino fundamental. Foi, ent&atilde;o, que a diretora desenvolveu uma metodologia de aprendizagem que centraliza as habilidades dos alunos, focando no desenvolvimento de seus pontos fracos.</p> <p class="texto">O projeto, multidisciplinar, era aplicado at&eacute; mesmo nas aulas de educa&ccedil;&atilde;o f&iacute;sica, quando, durante a pr&aacute;tica dos esportes, os professores trabalhavam tamb&eacute;m conceitos de intelig&ecirc;ncia emocional. A iniciativa rendeu &agrave; escola diversos pr&ecirc;mios, dentre eles, uma premia&ccedil;&atilde;o do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educa&ccedil;&atilde;o (FNDE) e uma medalha de ouro na Olimp&iacute;ada Brasileira de Matem&aacute;tica das Escolas P&uacute;blicas (OBMEP).</p> <p class="texto">Apesar dos resultados positivos, Ana Paula conta que enfrentou o descr&eacute;dito de muitos pais. &ldquo;No meu primeiro ano na escola, eu tinha 34 anos, e cansei de ouvir as pessoas procurando pelo &lsquo;diretor&rsquo;. Quando descobriam que era uma diretora e que era eu, eles falavam: &lsquo;nossa, mas a diretora &eacute; aquela garotinha?&rsquo;.</p> <p class="texto"><em>*Estagi&aacute;rios sob a supervis&atilde;o de Priscila Crispi</em></p>", "isAccessibleForFree": true, "image": { "url": "https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2024/03/02/675x450/1_1-35268516.jpg?20240303074325?20240303074325", "width": 820, "@type": "ImageObject", "height": 490 }, "author": [ { "@type": "Person", "name": "Priscila Crispi" } ], "publisher": { "logo": { "url": "https://image.staticox.com/?url=http%3A%2F%2Fimgs2.correiobraziliense.com.br%2Famp%2Flogo_cb_json.png", "@type": "ImageObject" }, "name": "Correio Braziliense", "@type": "Organization" } } 6k2z

Eu, Estudante 29715y

Dia Internacional da Mulher

Conheça profissionais brasileiras de sucesso b3g3g

Leia a história de trabalhadoras que se destacam em suas áreas de atuação e deixam a marca revolucionária da inclusão feminina no mercado de trabalho 1e522

Uma data para celebrar conquistas. O Dia Internacional da Mulher, em 8 de março, rememora a luta pela inclusão produtiva de trabalhadoras e pelo avanço de seus direitos econômicos, trabalhistas, políticos e sociais.

A data, nascida em meio a movimentos operários do início do século XX, capitaneados por mulheres, foi oficializada em 1975 pela Organização das Nações Unidas (ONU) e reforça as vitórias dos movimentos feministas para a promoção da igualdade de gênero, além de cobrar a ampliação da equidade no mundo do trabalho.

Para reconhecer o pioneirismo de mulheres que abrem portas e caminhos para um Brasil melhor por meio de sua atuação profissional, o Correio conta a história de sete profissionais de sucesso. São figuras públicas e anônimas, negras e brancas, consagradas ou no início da carreira, de diferentes áreas, que representam tantas outras trabalhadoras. São Conceição, Marise, Neiva, Raquel, Carla, Sarah e Ana — mulheres que revolucionam seu mundo e mostram, cotidianamente, que a contribuição feminina para o mercado de trabalho não é uma concessão, mas uma necessidade.

Escrita do Brasil pelo mundo

Fernando Frazão/Agência Brasil - A escritora Conceição Evaristo toma posse com artitas nomeados na Academia Brasileira de Cultura

“Quem nos dá o status de artista é o público. Eu não me consideraria escritora se a minha escrita não tivesse ressonância. Entendi quem era à medida que ganhei meus leitores, que, aliás, são muito diversos, são negros, brancos, jovens, pessoas mais velhas, não só no Brasil, mas no estrangeiro”, afirma Conceição Evaristo.

Uma das mais importantes e prestigiadas vozes da literatura contemporânea brasileira, Conceição encontrou não apenas seu público, mas um lugar na história do país. Na próxima semana, aos 77 anos, se torna uma imortal da Academia Mineira de Letras (AML).

Com três romances publicados, sua produção é também constituída de poemas, contos e ensaios, e em grande parte traduzida para o inglês, francês, árabe, espanhol, eslovaco e italiano. Em 2015, recebeu o Prêmio Jabuti na categoria contos e crônicas pelo livro Olhos D’água e, em 2019, foi a grande homenageada da premiação como personalidade literária, entre tantas outras nomeações.

Nascida em Belo Horizonte, migrou para o Rio de Janeiro na década de 1970, onde estudou letras na Universidade Federal do Rio de Janeiro e se formou doutora na Universidade Federal Fluminense. Dedicou a prolífera carreira como acadêmica e educadora à área de linguística.

Publicada pela primeira vez aos 44 anos, conta que começou a escrever desde menina. “O que me levava a escrever antes do encontro com o público era a incapacidade de cantar ou dançar. Se tivesse esse dom, ia me libertar por meio da música, aí eu iria ser inável”, brinca.

Conceição diz que a literatura é a senha pela qual a o mundo e que a escrita e a leitura são seus espaços de indagar o sentido da vida. Por isso, criou o conceito de “escrivivência”, que significa uma escrita feita a partir da vivência de mulheres negras que rejeitam o papel de servidão que a sociedade quer impor a elas. Conceição explica que o termo rememora as mulheres negras escravizadas que eram obrigadas a contar histórias para a prole escravizadora. “Hoje, a autoria negra não tem mais essa função, não é para adormecer a Casa Grande, e, sim, para acordá-la de seus sonhos injustos. Somos donas da nossa escrita, do nosso conteúdo. Esse é um fundamento histórico e ancestral, é a fala dessas mulheres que potencializa nossa escrita hoje, livre.”

Conceição fala que muitos críticos literários não consideram como literatura aquela produzida por grupos sociais subjugados. “A literatura negra é sempre colocada em dúvida, questionam se estamos fazendo ou não arte. Mas minha literatura é capaz de conquistar as pessoas em suas humanidades, sejam quem forem, mesmo isso ando pela minha experiência marcada por uma condição afrodiaspórica, por uma memória de subjugação. Falo de um local particular, mas ela é capaz de mobilizar por trazer personagens cujos dramas e fraquezas revelam a inteireza humana”, argumenta.

Segundo ela, a escrita também é uma forma de vingança. Criada sem pai, nascida na periferia, a escritora alcançou os espaços que as patroas de sua mãe lhe negavam. “Vim de uma realidade que não me colocaria nesse lugar. A sociedade brasileira não espera que uma mulher negra possa ser escritora, intelectual. Sou uma escritora que vende, e isso me coloca em outra classe, hoje, mas não me faz esquecer que ocupo um lugar de exceção. E toda exceção confirma uma regra."

Diplomacia negra hio

Arquivo pessoal - .

Marise Ribeiro Nogueira, 59 anos, foi a primeira mulher negra egressa do programa de ação afirmativa do Itamaraty. Diplomata há 20 anos, atualmente é ministra conselheira da embaixada brasileira no Panamá. Filha de um torneiro mecânico e de uma auxiliar istrativa, viu a família se incluir socialmente por meio do serviço público, que abraçaria anos mais tarde.

Assistiu de perto, também, os avanços da diplomacia brasileira em direção à inclusão: quando entrou para a carreira, os profissionais negros (pretos e pardos) correspondiam a apenas 1% dos quadros, hoje, são cerca de 15%.

Segundo ela, pessoas negras têm se beneficiado de ações afirmativas, como o programa do qual participou e que oferecia bolsas para que candidatos negros pudessem se dedicar aos estudos para o Concurso de issão à Carreira Diplomática, e, mais tarde, das cotas no serviço público, mas a melhora é tímida e lenta.

“Represento a vitória. Rompi com a invisibilidade, contribuo com a diminuição da sub-representatividade, mas para nós, mulheres negras, ainda há um teto de concreto para o progressão funcional em carreiras de alto escalão do serviço público. Ou seja, sou vitoriosa, mas não quero que essa vitória seja só minha, até porque é um peso muito grande. A diplomacia é uma carreira de grande prestígio, mas também de grande demanda e responsabilidade. Quando a gente representa um grupo social, isso fica ainda mais pesado. Se você erra, é como se toda aquela categoria errasse, e acertar sempre é impossível para humanos”, afirma.

Fluminense, Marise se formou médica, concluiu um mestrado na área de radiologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e trabalhou por anos na profissão. Porém, dois intercâmbios, na Alemanha e na França, a fizeram tomar gosto pela vida no exterior e repensar sua trajetória. O desejo de ver mais afro-brasileiros atuando na política internacional foi o ponto de virada para a transição de carreira.

Antes do posto no país da América Central, foi lotada em Brasília, quando também exerceu cargos no governo federal e distrital, em Lima, Buenos Aires e Estados Unidos. Sempre de mudança, Marise ainda é mãe de três meninas, que criou entre um país e outro. “É difícil conciliar carreira com maternidade em qualquer profissão, mas a carreira diplomática cria dificuldades extras. Quando saí do Rio, perdi toda minha rede de apoio, e quando saí do Brasil, o desafio foi ainda maior, porque toda família teve que se adaptar à nova cultura. Não é à toa que entre famílias do serviço internacional, um cônjuge é o provedor e o outro o cuidador, e o cuidado, obviamente, costuma recair mais sobre as mulheres”, conta.

Ciência para preservar a vida 1v5w3c

Arquivo pessoal - Neiva Guedes é uma das cientistas responsáveis pela preservação das araras azuis

Neiva Guedes é uma das principais pesquisadoras de araras-azuis do país e grande responsável pela preservação da espécie. Nascida em Mato Grosso do Sul e formada bióloga pela Universidade Federal do estado, é doutora em ciências biológicas pela Universidade Estadual de São Paulo.

Aos 62 anos, continua a lutar pela causa pela qual dedicou sua vida. Presidente do Instituto Arara Azul, a professora conta que seu amor pela natureza se agigantou quando viu o animal pela primeira vez, livre, e soube que a espécie estava ameaçada de extinção. “Sempre digo que foi paixão à primeira vista. Não tinha como não me encantar com aquele ser curioso, de um azul cobalto degradê da cabeça até a cauda, com amarelo ouro no entorno dos olhos e da mandíbula. Então, a partir daquele momento que a vi, decidi estudá-la e fazer de tudo para que não desaparecesse.”

Pesquisando a biologia reprodutiva das araras, Neiva descobriu que faltavam lugares para que se reproduzissem e, então, começou a testar diferentes materiais para confecção de ninhos. A cientista criou uma caixa de madeira da qual as aves gostaram e aram a usar imediatamente. “Usamos essas caixas até hoje. Já instalamos mais de 800 no Pantanal e no Cerrado. Também recuperamos ninhos naturais que estejam se perdendo. Trabalhamos com ecologia, genética, comportamento, alimentação... E não só da arara-azul, mas de outras espécies que ocorrem ou interagem com ela no mesmo habitat”, explica, pontuando de que forma o instituto vem revertendo a sentença de extinção dos animais.

“Enfrentei muitos desafios. ei noites em claro, rodando nas estradas ou no campo. Muitas picadas de pernilongos e carrapatos. Muito sol, calor ou frio. Abri mão de muitas coisas. Tive uma vida muito agitada. Me casei, tenho uma filha, atualmente com 21 anos, e quando ela era pequena foi difícil, mas tive apoio da família e consegui me organizar para cuidar da casa, da família e do projeto”, lembra.

Inclusão nas exatas 6x296y

Reprodução YouTube - Raquel Reis é uma das fundadoras do Mulheres em Dados, maior coletivo de mulheres da área de TI do país

Raquel Cardoso Reis tem apenas 30 anos e uma carreira internacional. Formada em engenharia elétrica pela Universidade de Brasília, iniciou no mundo do trabalho como engenheira, mas, atualmente, atua como analista de dados. A mudança de rumos veio quando percebeu as resistências que encontraria para crescer em uma área com poucas oportunidades para mulheres.

Sem sair do campo das exatas, Raquel fez especialização em ciência de dados e uma transição de carreira calculada. Começou a ganhar experiência com trabalhos extras, participou de diversos processos seletivos, até que conseguiu uma oportunidade com uma startup americana de NFTs. Hoje, ocupa um cargo sênior no setor de serviços financeiros da Hotmart, empresa brasileira de tecnologia educacional.

“Meu plano de carreira é permanecer sempre em movimento. A área de dados é muito dinâmica, acho bem difícil conseguir prever quais serão as melhores apostas para o meu futuro. Mas pretendo continuar estudando, aplicando meus conhecimentos e buscando estar em projetos relevantes”, ambiciona.

Apesar de ter conquistado uma maior projeção na carreira de tecnologia da informação (TI) do que na engenharia, Raquel pondera que a área também é predominantemente masculina e carece de representatividade de mulheres em cargos de liderança. “É muito importante para uma mulher ver que outra, como ela, conseguiu alcançar esses lugares. Ainda é necessário falar sobre machismo no mundo do trabalho porque estamos longe de uma equidade”, diz.

Para ajudar as colegas, ela criou, com outras profissionais de TI, o Mulheres em Dados, a maior comunidade feminina na área do Brasil, com 28 mil seguidores no LinkedIn. “Começamos com um grupo de 10 mulheres espalhadas pelo país, para que não nos sentíssemos mais tão sozinhas em nossa atuação. Hoje, são 8.800 colegas e temos um espaço para trocar dicas sobre a área, divulgar vagas, fazer encontros de capacitação, sempre com a mentalidade de que uma puxa a outra”, conta.

A analista afirma que a inserção feminina em cursos de exatas é menor por questões culturais: “Acredita-se que mulheres possuem uma performance melhor em outras áreas. Mas, na medida em que incentivamos umas às outras a buscar nossos sonhos, sem nenhum viés, mais mulheres vão se interessar pela área de exatas também.”

Empreendedorismo feminino n3e3i

Divulgação Jangada Consultoria de Comunicação - .

Carla Moussalli, 33 anos, é cofundadora da Plenapausa, empresa voltada a levar informação, cuidado e tratamento para mulheres com mais de 40 anos de idade que estão na menopausa.

Advogada formada pela PUC-São Paulo e pós-graduada em inovação e empreendedorismo em saúde, Carla queria criar uma empresa que oferecesse acolhimento para as mulheres que atravessam essa fase da vida. “A menopausa é vista como um estigma, um tabu. Nós queremos que as pessoas conheçam a importância desse assunto”, diz.

A ideia para o negócio começou com uma história que ela e a sócia, Márcia Cunha, tinham em comum: “Nossas mães sofreram com problemas de saúde relacionados à menopausa, e víamos a relevância de desmistificar esse assunto e levar o conhecimento para outras mulheres, para que elas possam voltar a ter qualidade de vida nesse período.”

A empresa fornece um teste, produzido por ginecologistas, para saber se a pessoa entrou ou não no climatério, período de transição para a menopausa. Se o resultado der positivo, a Plenapausa oferece diversos serviços de acolhimento com profissionais da saúde e a opção de participar de uma roda de apoio com outras mulheres que também estão vivendo essa fase. A empresa também produz suplementos para combater os sintomas da menopausa.

Carla acredita que empreender para outras mulheres é um privilégio e que é possível crescer mesmo em mercados dominados por homens. “Para o futuro, queremos que nossa empresa avance ainda mais, para cuidar da saúde feminina e ser uma inspiração para elas.”

Serviço público de excelência v5e3q

Arquivo Pessoal - .

Sarah Delma tem 36 anos e atua como consultora legislativa na área de Constituição e Justiça da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF). Ganhou destaque como secretária da Comissão Parlamentar de Inquérito dos Atos Antidemocráticos no DF. A condução dos trabalhos em uma das mais delicadas investigações parlamentares dos últimos anos lhe rendeu a Medalha do Exército Brasileiro, honraria raramente concedida a uma mulher.

“Não senti resistência dos parlamentares na condução da I por ser mulher, me senti, na verdade, muito reconhecida pela minha competência. Mas nós sabemos, uma mulher, para ocupar lugares de destaque como esse, tem que demonstrar três vezes mais competência do que um homem demonstraria para alcançar o mesmo espaço, então posso dizer que foi um caminho muito árduo”, conta.

E a trajetória de Sarah foi de constante comprovação de competência. Aprovada em 21 concursos, diversos entre os primeiros lugares, no Judiciário Federal, no Executivo Federal e Distrital, a paraibana chegou a Brasília determinada a se tornar servidora pública. “Cheguei aqui com uma mala de livros e outra de roupas, em 2013. Eu tinha apenas um sonho e fui construindo meu caminho”, lembra.

Formada em direito e relações internacionais pelas universidades federal e estadual da Paraíba, Sarah contou com a ajuda dos pais para se sustentar durante o período de estudos na capital, que durou cinco anos. Nesse tempo, chegou a tomar posse em um dos concursos que foi aprovada, mas abdicou do emprego para se dedicar à preparação para a carreira que realmente almejava, de consultoria legislativa. Foi quando estabeleceu uma rotina de cerca de 10h de estudo por dia.

“Abri mão de namoro, de estar perto da minha família, de quase tudo dá prazer para estudar, mas sabia que só iria dar certo se me dedicasse tanto. Sei que pouquíssimas pessoas no Brasil têm o privilégio de apenas estudar, mas eu aproveitei a oportunidade e valeu a pena”, celebra.

Sarah acredita que o processo de estudo para carreiras de alto desempenho na istração pública forja bom servidores: “Foram anos de muita renúncia e solidão, porque estudar é uma prática solitária, mas que me levaram a exercer minha carreira de forma mais excelente, a dar mais valor a essa função de serviço à sociedade.”

Educação revolucionária 1t5h5c

Carlos Vieira CB/DA Press - .

Ana Paula Bastos, 49 anos, é educadora da Secretaria de Educação do Distrito Federal. Como diretora do Centro de Ensino Fundamental (CEF) da 306 Norte, foi responsável por mudanças nas diretrizes pedagógicas da escola que a colocaram em um patamar de excelência na educação pública da cidade.

O primeiro contato com a área foi na adolescência, quando cursou magistério na Escola Normal de Brasília. Mais tarde, Ana Paula decidiu cursar pedagogia no Centro Universitário de Brasília (CEUB), acreditando ser sua vocação. “Para ser professor, não basta amor, também precisa ter vocação, porque, aí, se tem ânimo para inovar, para lutar pelos direitos dos alunos e da própria escola”, defende.

Um ano antes de se formar, fez o concurso da Secretaria da Educação, mas, quando conferiu o resultado e soube que estava nas últimas colocações, foi trabalhar em uma livraria. Ana estava tão envolvida no emprego que, quando foi chamada para trabalhar em uma escola, hesitou em aceitar. No entanto, topou o desafio e trabalhou por um tempo com crianças pequenas, substituindo uma profissional que estava de licença maternidade. Pouco tempo depois, se tornaria diretora do Jardim de Infância da 302 Norte.

Depois de três anos trabalhando com educação infantil, em 2008, a educadora foi lotada no CEF 306 Norte como supervisora istrativa. Devido a seu bom desempenho no trabalho, o então diretor propôs a ela que prestasse o concurso para a diretoria da escola. Ana Paula ganhou o cargo e ou 15 anos no comando do centro de ensino.

Segundo ela, um dos seus principais desafios era a inclusão de alunos que estavam fora da idade regular, mas não haviam concluído o ensino fundamental. Foi, então, que a diretora desenvolveu uma metodologia de aprendizagem que centraliza as habilidades dos alunos, focando no desenvolvimento de seus pontos fracos.

O projeto, multidisciplinar, era aplicado até mesmo nas aulas de educação física, quando, durante a prática dos esportes, os professores trabalhavam também conceitos de inteligência emocional. A iniciativa rendeu à escola diversos prêmios, dentre eles, uma premiação do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) e uma medalha de ouro na Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP).

Apesar dos resultados positivos, Ana Paula conta que enfrentou o descrédito de muitos pais. “No meu primeiro ano na escola, eu tinha 34 anos, e cansei de ouvir as pessoas procurando pelo ‘diretor’. Quando descobriam que era uma diretora e que era eu, eles falavam: ‘nossa, mas a diretora é aquela garotinha?’.

*Estagiários sob a supervisão de Priscila Crispi