MOBILIDADE URBANA

Patinetes azuis, sinal vermelho: o perigo nas ruas de Brasília

ados mais de quatro meses, o que podemos ver é uma sensação de insegurança. Acidentes se tornaram comuns no dia a dia. Só o Hospital de Base, por exemplo, registrou 11 atendimentos relacionados ao uso do equipamento no mês ado

Patinete elétrico abandonado em rua do Cruzeiro Velho: desnível no asfalto e nas calçadas -  (crédito: Roberto Fonseca/CB/D.A.Press)
Patinete elétrico abandonado em rua do Cruzeiro Velho: desnível no asfalto e nas calçadas - (crédito: Roberto Fonseca/CB/D.A.Press)

Uma das principais lideranças políticas dos tempos modernos, o ex-presidente do Uruguai José "Pepe" Mujica, nos deixou esta semana. irado pela esquerda, mas muito benquisto por nomes da direita, o uruguaio tinha como característica marcante os discursos longos e profundos, com uma precisa análise da realidade. "O mundo está mudando o tempo todo e, o que é pior, o tempo todo está mudando a teoria de como construir um mundo melhor" é uma das frases mais marcantes do ex-presidente.

Como analogia, utilizo a frase de Mujica para ilustrar um fato que ocorre na capital federal e tem se tornado motivo de preocupação de pais, motoristas e profissionais de saúde. Desde janeiro, acostumamo-nos a ver na área central os famosos patinetes azuis. Os equipamentos elétricos surgiram com a promessa de mobilidade e sustentabilidade. Inicialmente, por um período de testes por 90 dias.

ados mais de quatro meses, o que podemos ver é uma sensação de insegurança. Acidentes se tornaram comuns no dia a dia. Só o Hospital de Base, por exemplo, registrou 11 atendimentos relacionados ao uso do equipamento no mês ado. Três sofreram traumatismo craniano. E como atestam os profissionais, há uma nítida subnotificação dos casos, porque muitos sequer procuram as unidades de saúde quando há ferimentos mais leves.

Conheço, por exemplo, três pessoas bem próximas que se machucaram com os patinetes. Um amigo por quem tenho grande estima caiu e fraturou a clavícula. Meu sobrinho sofreu escoriações moderadas nas pernas, barriga e braços. E minha filha ralou joelho, canela e mãos. Dos três, apenas um recebeu atendimento médico. Em comum, um relato: os desníveis nas calçadas.

Esse é um dos pontos do problema. Os eios públicos estão esburacados ou com o concreto alto por conta das raízes das árvores. Uma caminhada pelas quadras 200 e 400 do Plano Piloto é suficiente para perceber a situação. Outro ponto é a desordem urbana. Ao contrário das bicicletas compartilhadas, os patinetes são deixados pelos usuários em qualquer lugar. Até em cima de um ponto de ônibus um deles precisou ser resgatado.

Por fim, há o trânsito. Muitos usuários estão circulando entre os carros, alguns sem capacetes. Nos últimos dias, presenciei uma disputa perigosa entre três adolescentes em patinetes na via S2, em meio ao tráfego intenso próximo ao Conic, durante o horário de pico. Aliás, o uso deveria ser a maiores de idade. 

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A Secretaria de Transporte e Mobilidade diz que o período de testes foi prorrogado por mais 30 dias. Um edital deve ser lançado até o fim de maio para o credenciamento de outras empresas que poderão oferecer o serviço de patinetes no DF. Além disso, uma comissão estuda regras mais rígidas sobre o uso do equipamento e das obrigações das operadoras. Acredito que o assunto precisa ser bem discutido pela sociedade. A segurança de todos é a prioridade número um.

postado em 16/05/2025 06:06
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