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Lula busca saídas enquanto popularidade derrete

Presidente diz ter escolhido substituto de Padilha na Secretaria de Relações Institucionais, em nova etapa da reforma ministerial. Petista tenta mudar perfil da Esplanada para reverter desgaste na imagem, apontado por seguidas pesquisas

A taxa de reprovação do presidente Lula ultraa 60% em seis de oito estados pesquisados pela Genial/Quaest -  (crédito: Evaristo Sa/AFP))
A taxa de reprovação do presidente Lula ultraa 60% em seis de oito estados pesquisados pela Genial/Quaest - (crédito: Evaristo Sa/AFP))

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse já ter escolhido quem vai comandar a Secretaria de Relações Institucionais no lugar de Alexandre Padilha, que assumirá a pasta da Saúde após a demissão de Nísia Trindade, na terça-feira. "Eu vou contar quando falar com a pessoa primeiro. Tudo vai acontecer no tempo certo", afirmou.

Entre os principais cotados para as Relações Institucionais, estão os deputados José Guimarães (PT-CE), atual líder do governo na Câmara, e Gleisi Hoffmann (PR), presidente do PT.

Com a reforma ministerial, iniciada com a demissão de Nísia Trindade, Lula tenta reorganizar o governo e reverter a crise de imagem que enfrenta. A popularidade do chefe do Executivo está derretendo, até mesmo em bases eleitorais do petista, como o Nordeste.

Levantamento da Genial/Quaest, divulgado nesta quarta-feira, mostrou que a reprovação de Lula superou a aprovação nos oito estados pesquisados, dois deles são Bahia e Pernambuco.

Os piores cenários ocorreram em Goiás (70% contra 28%), São Paulo (69% contra 29%) e Paraná (68% contra 30%). Em seguida, vêm Rio Grande do Sul (66% contra 33%), Rio de Janeiro (64% contra 25%) e Minas Gerais (63% contra 35%), além de Bahia (51% contra 47%) e Pernambuco (50% contra 49%). Foram ouvidas 6.630 pessoas entre 19 e 23 de fevereiro, e a margem de erro é de três pontos percentuais — com exceção de São Paulo, onde a margem é de dois pontos.

Conforme o levantamento, Lula possui alta rejeição, de mais de 60%, nos maiores colégios eleitorais: São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, em ordem decrescente. O estudo mostra, ainda, que, se disputasse eleição agora contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (que está inelegível), o petista perderia em São Paulo, Paraná e Goiás, empataria em Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro, e venceria apenas na Bahia e em Pernambuco.

Outras pesquisas mostram quadro semelhante. O mais recente da Datafolha mostrou que a aprovação do presidente atingiu 24%, menor índice entre todos os mandatos. Além de acender alerta no governo pela necessidade de mudanças urgentes, a queda também preocupa o mercado pela possibilidade de ampliação dos gastos, com medidas populistas.

Ante esse cenário, Lula quer ministérios com perfis mais políticos e que façam entregas marcantes na gestão dele. A própria Nísia ressaltou, nesta quarta-feira, que saiu da Saúde porque o presidente busca uma "mudança de perfil" na pasta.

Alimentos

Questionado sobre a popularidade em queda livre de Lula, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, atribuiu o cenário ao aumento dos preços dos alimentos.

"Em qualquer lugar do mundo, hoje ou ao longo da história, quando tem movimento de preços de alimentos, você mexe com a popularidade de qualquer governo. E nós precisamos ajustar e dialogar muito com os setores produtivos", argumentou, num evento em São Paulo.

Ele também alegou comunicação deficiente das ações do Executivo. "A avaliação é também a percepção do que você está fazendo. Se as pessoas não têm informação, eventualmente não vão poder avaliar, se não conhecem. Precisamos aperfeiçoar essa informação, capitalizar essa informação e fazer com que as pessoas tenham conhecimento do conjunto de ações do governo."

Costa também sustentou que o cenário deve mudar até o meio do ano, devido à melhora da safra, que deve baixar o preço dos alimentos.

O chefe da Casa Civil também reiterou o compromisso do governo com ajuste fiscal e negou aumento de gastos com medidas populistas.

 

 

Mayara Souto
Victor Correia
Rafaela Gonçalves
postado em 27/02/2025 03:55
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