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Nísia diz ter sido alvo de "campanha sistemática e misógina"

Em discurso na presença de Lula, ex-ministra da Saúde afirma que sofreu ataques de desvalorização do seu trabalho e de sua capacidade. Ela frisa que país precisa de uma nova política, baseada no respeito, especialmente às mulheres

No discurso, Nísia destacou os desafios na pasta:
No discurso, Nísia destacou os desafios na pasta: "Encontrei um Ministério da Saúde desmontado e desacreditado" - (crédito: Jose Cruz/Agência Brasil)

A ex-ministra da Saúde Nísia Trindade enfatizou ter sofrido uma "campanha sistemática e misógina" de desvalorização do seu trabalho à frente da pasta. A declaração ocorreu no discurso de despedida, nesta segunda-feira, no Palácio do Planalto, durante a posse do novo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, e da ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann.

"Durante os 25 meses em que fui ministra, uma campanha sistemática e misógina ocorreu de desvalorização do meu trabalho, da minha capacidade e da minha idoneidade", frisou a ex-ministra, na presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Não é possível, e acho que não devemos aceitar como natural comportamento político dessa natureza. Podemos e devemos construir uma nova política, baseada efetivamente no respeito, e destaco o respeito a nós, mulheres, e no diálogo em torno de propostas para melhorar a vida de nossa população", acrescentou.

O nome de Nísia foi ventilado diversas vezes como ível de ser demitida, principalmente durante a epidemia de dengue que o país viveu no início de 2024, com mais de 6,5 milhões de casos. No fim do mês ado, ela foi exonerada por Lula, após semanas de fritura, em que aliados davam como certa a saída dela do governo.

No discurso, a ex-ministra também relembrou os desafios que enfrentou à frente da pasta, ao assumir o cargo em 2023. "Presidente Lula, como é de seu conhecimento, encontrei um Ministério da Saúde desmontado e desacreditado. Ele perdera sua autoridade de coordenar o SUS, após a terrível experiência das 700 mil mortes por covid-19 no governo ado", destacou. "Durante nosso trabalho de reconstrução, encontramos mais de 4.500 Unidades Básicas de Saúde (UBS) instaladas, que aguardavam credenciamento havia quatro anos; mais de quatro mil obras paralisadas; e inúmeros leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTI) não cadastradas", enumerou.

Nísia também ressaltou que "a pobreza e a desigualdade fazem mal à saúde, e a superação desse quadro requer efetivas políticas públicas". "Por acreditar na urgência dessa tarefa e, após presidir a Fiocruz e ter me colocado na linha de frente da proteção da sociedade brasileira na pandemia de covid-19, aceitei com entusiasmo o convite do presidente Lula", afirmou ela, dizendo acreditar ter sido "a ministra do SUS".

"Saio com a certeza de que nosso trabalho fez a diferença e com a mesma convicção que sempre me moveu: a luta por um Brasil mais justo, soberano e onde a saúde seja um direito de todos, não um privilégio de poucos", finalizou a ex-ministra.

 

 

Mayara Souto
postado em 11/03/2025 03:55
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