Trama golpista

STF inicia julgamento de núcleo de gerência da tentativa de golpe de Estado

Ministros decidem se mais seis acusados pela PGR vão virar réus na Corte. Grupo teria sido incumbido de praticar ações que criassem barreiras para impedir a vitória do presidente Lula

Primeira Turma do STF julga denúncia sobre o núcleo 2  -  (crédito: Rosinei Coutinho/STF)
Primeira Turma do STF julga denúncia sobre o núcleo 2 - (crédito: Rosinei Coutinho/STF)

O Supremo Tribunal Federal (STF) iniciou, na manhã desta terça-feira (22/4), o julgamento de mais seis acusados de participar da tentativa de golpe de Estado para tentar impedir o resultado das eleições presidenciais de 2022. Esse é o chamado núcleo dois da denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) — que seria responsável pela articulação de ações para “sustentar a permanência ilegítima” do então presidente Jair Bolsonaro no poder.

São eles:

  • Filipe Martins — ex-assessor de assuntos internacionais de Bolsonaro;
  • Marcelo Câmara — ex-assessor de Bolsonaro;
  • Silvinei Vasques — ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal;
  • Mário Fernandes — general do Exército;
  • Marília de Alencar — ex-subsecretária da Segurança do Distrito Federal;
  • Fernando de Sousa Oliveira — ex-secretário-adjunto da Secretaria de Segurança do Distrito Federal.

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Segundo a Procuradoria-Geral da República, os denunciados, que possuíam posições profissionais relevantes, gerenciaram as ações elaboradas pela organização. Para Gonet, Silvinei Vasques, Marília Ferreira de Alencar e Fernando de Sousa Oliveira “coordenaram o emprego das forças policiais para sustentar a permanência ilegítima de Jair Messias Bolsonaro” na Presidência.

O relatório aponta que o general Mario Fernandes ficou responsável “por coordenar as ações de monitoramento e neutralização de autoridades públicas, em conjunto com Marcelo Costa Câmara, além de realizar a interlocução com as lideranças populares ligadas ao dia 8.1.2023”.

Eles são acusados de cinco crimes: tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado, envolvimento em organização criminosa armada, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado. Em caso de condenação, a pena máxima somada chega a 46 anos de prisão.

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Para essa remessa, o presidente do colegiado, ministro Cristiano Zanin, reservou três sessões: manhã e tarde desta terça-feira e, se necessário, a manhã de quarta-feira (23), caso a análise da ação necessite de mais tempo. O julgamento contará com a leitura do relatório do ministro Alexandre de Moraes, com as sustentações orais das defesas dos denunciados no STF, além da própria denúncia do procurador-geral da República, Paulo Gonet.

“Núcleo crucial”

Em 26 de março, o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete aliados viraram réus na Corte por tentativa de golpe. Por unanimidade, os ministros reconheceram que a denúncia da PGR possui toda a materialidade necessária para a abertura da ação penal.

Bolsonaro é apontado na denúncia como o líder do chamado “núcleo crucial”. Segundo o órgão, o ex-chefe do Planalto tinha ciência e participação ativa em uma trama golpista para se manter no poder e impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Também é descrita uma trama para o assassinato contra autoridades e o apoio aos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023 como a última cartada do grupo criminoso.

postado em 22/04/2025 10:07 / atualizado em 22/04/2025 10:22
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