
"Ele sempre buscou fraude nas urnas", afirmou o réu colaborador Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL-RJ), sobre as preocupações de Bolsonaro após o segundo turno das eleições, que elegeu o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A afirmação foi feita durante o interrogatório da trama golpista no Supremo Tribunal Federal (STF).
Ele relatou ainda as pressões que eram feitas por militares do Exército em grupos de whatsapp, em 2022. “A grande pressão sempre foi que o presidente assinasse o decreto e para os generais aceitarem o decreto, concordarem ou apoiarem o presidente numa ação dessa, essa era a grande construção que se tentava fazer”, relatou Cid.
“Mas nunca ações concretas, como ‘temos que prender fulano’”, reforçou o colaborador. No Palácio do Planalto, o então presidente também tencionava, tentando interferir no relatório final das eleições daquele ano. Uma das maiores preocupações de Bolsonaro era encontrar uma maneira de comprovar fraude nas urnas eletrônicas, em busca de algum respaldo para contestar o resultado das eleições junto à opinião pública.
“O general Paulo Sérgio (ex-ministro da Defesa) tinha feito um documento com conclusão mais técnica dizendo que não houve fraude, o presidente (Bolsonaro) entendia que a conclusão tinha que ser mais dura, e no final saiu um meio termo”, comentou.
Cid explicou que o documento elaborado pelo ex-ministro da Defesa concluía dizendo que os militares não encontraram fraude nenhuma e o Bolsonaro, por sua vez, queria “dar uma conotação que houve fraude”.
O meio termo foi produzir um documento que afirmava que não foi possível confirmar se houve ou não a tal da fraude. Enquanto Cid relatava o ocorrido, Bolsonaro fazia anotações e conversava com o advogado. O ex-presidente permanece sério e em silêncio na audiência enquanto os advogados de defesa mantém um diálogo amistoso com o juiz instrutor e relator do caso, Alexandre de Moraes, após uma série de desconfortos durante as audiências de testemunha.