Não é preciso ser especialista em fotografia para conhecer e se impressionar com os retratos de Sebastião Salgado, conhecido por seu inconfundível estilo em preto e branco e por capturar a essência humana e natural em seus trabalhos
AFPHá mais de cinco décadas o fotógrafo mineiro radicado em Paris fez do planeta e do homem um objeto de estudo e de adoração fascinantes
AFPVivendo com as sequelas de uma doença sanguínea causada por malária tratada inadequadamente na Indonésia e problemas na coluna causados por uma mina terrestre em Moçambique, Salgado se aposentou em 2024
Na mais recente entrevista, publicada nesta quinta-feira (22/5) pela Forbes, o artista destacou a trajetória e falou sobre a exposição que está em cartaz na França. 'Quantas vezes na minha vida eu pus a câmera de lado e sentei para chorar? Porque era dramático demais, e eu estava sozinho. Esse é o poder do fotógrafo: poder estar lá', falou
Um dos primeiros livros publicados por Salgado foi Outras Américas, em 1986. As imagens traziam registros de como viviam os índios e camponeses do continente, mas não eram a estreia do fotógrafo, que foi morar em Paris no fim da década de 1960, em fuga da ditadura
Salgado trabalhou ainda com o Médico sem Fronteiras, durante 15 meses, na região do Sahel, na África. De lá trouxe as imagens do livro Sahel: o homem em agonia, mas foi com o monumental Trabalhadores, publicado no início da década de 1990, que o nome do fotógrafo ganhou o mundo e o coração do público
Durante seis anos, Salgado percorreu 35 países para documentar a trajetória de pessoas deslocadas de seus territórios de origem em consequências de guerras, desastres naturais e crises econômicas e políticas
'Terminando Trabalhadores, comecei a fotografar Êxodos, que é a história imensa dessa grande corrente migratória. Através do Êxodos chegou o Gênesis, um trabalho sempre engatando outro', explicou o fotógrafo, em entrevista ao Correio em 2022
Salgado tinha a esperança de que, ao se deparar com as imagens, o mundo se desse conta da necessidade real de preservação. Foram mais de 32 viagens, por terra, mar e água, em busca de povos, da flora e da fauna originais nos locais mais remotos da Terra
Os korowaide da Papua Nova Guiné, os nômades do Sudão, as geleiras ainda de pé nos extremos do planeta, as comunidades florestais de Sumatra, pela lente do fotógrafo aram cenas e paisagens nunca antes registradas em fotografias
Das quase 200 etnias remanescentes na Amazônia, Salgado esteve com 12 para realizar o projeto Amazônia, cujas primeiras imagens foram feitas em 1998
Em entrevista ao Correio concedida em junho de 2022, Salgado contou como a origem desse projeto estava presente em sua mente há muito tempo. 'Tive a oportunidade imensa, quando fui fazer Gênesis, de conhecer uma grande parte do lado prístino do nosso planeta e isso me levou à Amazônia', disse o fotógrafo