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Gado introduzido em ilha remota do Oceano Índico se adaptou e foi abatido; entenda


A Ilha Amsterdã, localizada no sul do Oceano Índico, abrigou uma população surpreendente de gado selvagem, descendente de animais abandonados no século 19.

Por Flipar
Wikimedia Commons/Antoine Lamielle

Tudo começou quando cerca de cinco ou seis bovinos foram deixados na ilha em 1871 por um fazendeiro da Ilha da Reunião, que não conseguiu estabelecer uma criação devido às condições adversas.

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Apesar do pequeno número inicial, o gado prosperou, chegando a quase 2 mil animais.

Reprodução/François Colas/Fourni par l'auteur

Apesar das condições inóspitas — clima severo, ventos fortes, chuvas frequentes e ausência de fontes permanentes de água —, os animais sobreviveram por mais de um século.

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Estudos genéticos mostraram que o gado permaneceu saudáveis, sem acúmulo de mutações prejudiciais ou perda significativa de diversidade genética.

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Estudos genéticos revelaram que o gado selvagem da Ilha Amsterdã descendia de duas populações distintas: gado taurino europeu (75%, semelhante à raça Jersey - foto) e zebu do Oceano Índico (25%).

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Essa composição sugere que os animais introduzidos em 1871 foram selecionados a partir de raças presentes na Ilha da Reunião, onde cruzamentos entre bovinos europeus e zebus eram comuns.

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A adaptação bem-sucedida à ilha se deve em parte à pré-adaptação climática do gado Jersey, já que as condições da Ilha de Jersey (seu local de origem) são semelhantes às da Ilha Amsterdã.

Wikimedia Commons/Antoine Lamielle

A pesquisa refutou a hipótese de 'nanismo insular', mostrando que os animais já eram naturalmente pequenos, e identificou genes ligados ao sistema nervoso como fundamentais na adaptação comportamental e social da espécie.

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O gado desenvolveu uma organização social complexa, com comportamentos selvagens, auxiliados por mutações genéticas herdadas dos animais originais.

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Em 2010, toda a população de gado selvagem da Ilha Amsterdã foi abatida, apesar de seu valor científico e adaptação única.

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A justificativa foi a proteção de espécies endêmicas, como o albatroz-de-Amsterdã e a planta Phylica arborea, embora o gado já estivesse confinado a uma área restrita desde a década de 1990, sem contato direto com essas espécies.

Wikimedia Commons/Antoine Lamielle

A decisão de eliminar o gado foi tomada sem ampla consulta científica e sem coleta de amostras biológicas, gerando críticas de especialistas que alertavam para a importância da biodiversidade doméstica e para o potencial evolutivo desses animais.

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Curiosamente, enquanto o gado - que fazia o controle da vegetação inflamável - foi eliminado imediatamente, espécies invasivas comprovadamente mais daninhas como ratos e gatos só começaram a ser combatidas em 2024.

Wikimedia Commons/Antoine Lamielle

A ironia se tornou trágica quando, anos depois, um grande incêndio na ilha evidenciou o papel preventivo que o gado exercia ao conter o avanço da vegetação.

Wikimedia Commons/Antoine Lamielle

A Ilha Amsterdã é uma pequena ilha vulcânica localizada no sul do Oceano Índico, pertencente às Terras Austrais e Antárticas sas.

NASA

Com cerca de 55 km², ela é isolada e desabitada permanentemente, exceto por cientistas e técnicos da base Martin-de-Viviès.

Wikimedia Commons/Antoine Lamielle

A paisagem da ilha é marcada por falésias, pradarias e vegetação rasteira, sendo um importante refúgio ecológico.

Wikimedia Commons/Antoine Lamielle

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