trama golpista

Em 10 minutos, Tarcísio faz a defesa de Bolsonaro no STF

Ao STF, governador nega articulação do ex-presidente para ruptura democrática e diz que ele estava "resignado" com eleições

Ministro da Infraestrutura no governo Bolsonaro, Tarcísio de Freitas depôs no Supremo como testemunha do ex-presidente -  (crédito:  AFP)
Ministro da Infraestrutura no governo Bolsonaro, Tarcísio de Freitas depôs no Supremo como testemunha do ex-presidente - (crédito: AFP)

Em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF), o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL-RJ) jamais mencionou um plano golpista. Ele depôs como testemunha do ex-presidente — de quem foi ministro da Infraestrutura —, na ação penal sobre tentativa de golpe de Estado.  

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Tarcísio disse desconhecer qualquer tentativa de ruptura institucional. "Jamais, nunca, nem no meu período de ministério, de janeiro de 2019 a março de 2022, (Bolsonaro) jamais tocou nesse assunto, jamais mencionou qualquer tentativa de ruptura".

Segundo o governador, após o segundo turno das eleições, "o presidente estava triste, resignado". "Na primeira visita (15 de novembro), eu tive a oportunidade de ver, inclusive, a situação (frágil) de saúde do presidente, conversávamos sobre muita coisa, mas esse assunto (golpe de Estado) nunca veio à pauta."

O gestor, no depoimento que durou 10 minutos, mencionou que o único comentário feito pelo então presidente "era o de lamentar". Bolsonaro tinha, segundo ele, "a preocupação que a coisa desandasse, que houvesse uma interrupção no curso de reformas que foram importantes, uma preocupação com o futuro do país", sustentou.

O senador e ex-ministro-chefe da Casa Civil Ciro Nogueira (PP-PI) também prestou depoimento como testemunha de defesa de Bolsonaro e reforçou que não houve resistência à transição de governo.

"Foi no período em que estava acontecendo a greve de caminhoneiros, e eu precisava de uma fala do presidente para iniciar a transição para que os caminhoneiros desobstruíssem as rodovias. Eu solicitei a ele que fizéssemos uma declaração em conjunto para iniciar a transição, e ele determinou dessa forma", frisou.

Torres

O general Gustavo Henrique Dutra, ouvido na condição de testemunha do ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança do Distrito Federal Anderson Torres, minimizou a importância de uma reunião que ocorreu às vésperas dos atos golpistas de 8 de janeiro que resultaram em vandalismo nos prédios dos Três Poderes. Em 6 de janeiro, a cúpula da segurança do Distrito Federal se reuniu com Dutra, então comandante militar do Planalto, para debater o acampamento em frente ao Quartel-General do Exército e possíveis ações para impedir o ingresso de manifestantes na Esplanada.

"Eu participei de um cafezinho de cortesia com o doutor Anderson Torres no dia 6 às 10h", comentou. "O secretário (Torres) havia acabado de assumir a função, eu fui convidado para conhecê-lo", relatou. Na reunião, que durou cerca de 20 minutos, foram apresentadas imagens que demonstraram uma possível desmobilização do acampamento e, mesmo com a vinda de ônibus com centenas de manifestantes para Brasília, o encontro foi encerrado sem que uma desmobilização fosse efetivamente realizada. Dutra foi demitido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva após o 8/1.

As defesas de Torres e Bolsonaro desistiram de algumas testemunhas. Os ex-ministros da Saúde Eduardo Pazuello, e do Turismo Gilson Machado; o empresário Amauri Feres Saad; o médico de Bolsonaro, Ricardo Peixoto Camarinha; o coronel do Exército Wagner de Oliveira; e o ex-servidor do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Giuseppe Dutra Janino foram dispensados pela defesa do ex-presidente.

O advogado Rafael Viana, responsável pela defesa de Torres, por sua vez, dispensou o presidente do Partido Liberal (PL) e ex-deputado federal Valdemar Costa Neto, além do deputado federal Ubiratan Sanderson (PL-RS), do ex-ministro da Agricultura e Pecuária Marcos Montes, do juiz federal Sandro Vieira e do senador Eduardo Girão (Partido Novo). Na próxima segunda-feira, às 15h, será ouvido apenas o senador Rogério Marinho (PL-RN), depoente relacionado por Bolsonaro.

 

 

postado em 31/05/2025 03:55
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